
04 de setembro de 2015 | 22h59
SÃO PAULO - Em tempos de protestos contra políticos, cerca de 300 crianças foram às ruas do Limão, na zona norte da capital, para pedir a mudança do nome de um colégio. A mobilização é para que a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Guia Lopes passe a se chamar Nelson Mandela.
Conteúdo sobre África ainda é escasso
A homenagem ao líder sul-africano está ligada ao forte trabalho pedagógico feito no colégio, há cerca de cinco anos, sobre cultura afro-brasileira e racismo. Com isso, Nelson Mandela é uma figura conhecida dos alunos, embora eles ainda estejam na pré-escola. "Na nossa contação de histórias, tem um boneco que as crianças chamam de vovô Madiba (apelido de Mandela)", explica a diretora, Cibele Racy.
Desde maio, ela lidera a campanha para abandonar o nome Guia Lopes, que remete a um militar que lutou na Guerra do Paraguai. A proposta já teve o aval do conselho da escola e da associação de pais e mestres, segundo Cibele. Na internet, também circula um abaixo-assinado, com mais de 11 mil adesões. Para chamar ainda mais a atenção para o assunto, eles resolveram fazer duas passeatas nesta sexta, uma de manhã e outra à tarde, nas imediações da Emei.
Participaram das passeatas crianças, professores, funcionários e pais de alunos. Além das faixas, o ato teve direito até ao som de um grupo de maracatu. "Nesse momento em que todos estão fazendo protestos nas ruas, é importante de mostrar aos alunos essa força da mobilização. Queremos envolver a comunidade, mostrar como funciona o coletivo", afirma Cibele.
Importância. Os alunos conhecem de cor a trajetória de Mandela. "O vovô Madiba é nosso tesouro porque juntou os pretos e os brancos na África", explica Rebeca Oliveira, de cinco anos. Para conseguir a mudança do nome da escola, a criança também sabe o caminho. "O governo tem que fazer isso", acrescenta ela, que participou da passeata.
A Secretaria Municipal de Educação informou que cabe ao Legislativo fazer alterações nos nomes das escolas, conforme a Lei 14.454, de 2007. Na Câmara dos Vereadores, foi apresentado em agosto um projeto de lei que propõe a mudança, após a escola enviar o abaixo-assinado. A Casa avalia a proposta.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.