Criador de ONG de Bangladesh ganha 'Nobel da Educação'

'Em educação, andar devagar sai muito caro', disse ex-executivo da indústriia petrolífera.

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Por Sergio Pompeu
Atualização:

DOHA, CATAR- Um ex-alto executivo da Shell que criou a maior ONG de assistência social do miserável Bangladesh ganhounesta terça-feira o Wise Prize for Education, concebido pelo governo do Catar para ser o “Nobel da Educação”. Primeiro vencedor do prêmio, Fazle Hasan Abed, de 75 anos, receberá US$ 500 mil. “Temos muito a fazer, expandindo programas.” A ambição de criar um Nobel da Educação faz parte do tom grandiloquente do Wise, que significa sábio em inglês, mas também é a sigla de Cúpula Mundial de Inovação na Educação. A edição aberta hoje, a terceira do evento, reúne 1.200 participantes de 120 países em Doha, a capital do país. O evento também inaugura um centro de convenções de 40 mil metros quadrados projetado pelo arquiteto japonês Arata Isozaki, cuja fachada ostenta uma estrutura de aço de 250 metros de extensão, no formato de duas árvores entrelaçadas. Foi no teatro do centro de convenções que Abed recebeu o diploma do prêmio, entregue pelo emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, cuja fortuna é estimada em US$ 2,5 bilhões.“Educação cria oportunidades de vida”, disse o homenageado. “Formamos engenheiros, advogados e médicos, mas também enfermeiras, professores e pequenos empreendedores.” Abed deixou o cargo na Shell durante a guerra de liberação de Bangladesh – ele ajudou a arrecadar fundos para a luta contra o Paquistão. Em 1971, o país ganhou a independência, mas a guerra e um devastador ciclone tinham amplificado os efeitos da pobreza endêmica da região. Abed vendeu seu apartamento em Londres em 1972 e fundou o Comitê pelo Desenvolvimento Rural de Bangladesh (Brac, na sigla em inglês) para ajudar pequenos agricultores. A entidade mantém hoje 42 mil escolas de ensino primário e uma universidade em Bangladesh. Oferece também suporte técnico, financeiro e assistência médica a famílias pobres. Expandiu a atuação para outros nove países da Ásia, África e do Caribe. Ao todo, seus programas beneficiaram cerca de 180 milhões de pessoas em quatro décadas. “Em educação, andar devagar sai muito caro”, disse Abed. “São muitas oportunidades, muitos potenciais desperdiçados.”* O repórter viajou a Doha a convite da organização do Wise

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