Conheça os três MBAs brasileiros listados entre os melhores do mundo

Programas brasileiros reconhecidos pelo Financial Times adotam intercâmbio de disciplinas com escolas de outros países

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Por Guilherme Soares Dias
Atualização:
Luca Passarelli faz o "OneMBA" da FGV e vai tirar sabático em 2015 para estudar Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Os melhores MBAs executivos do mundo, segundo ranking do jornal britânico Financial Times (FT), são em sua grande maioria programas internacionais, desenvolvidos por meio de parcerias entre escolas de negócios de diferentes países. Ministradas em inglês, as aulas ocorrem em várias partes do mundo e é preciso viajar para assisti-las, o que possibilita a troca de experiência entre profissionais das mais variadas nacionalidades.

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Para formatar o ranking, o FT avalia critérios como incremento na remuneração, avanço na carreira e experiência profissional dos alunos após a conclusão do curso, assim como diversidade e reconhecimento internacional dos professores. Entre os cem melhores cursos de acordo com a publicação, três são brasileiros.

O programa do Brasil mais bem colocado no ranking, o OneMBA, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é realizado em parceria com escolas da China, México, Holanda e Estados Unidos. Neste ano, o OneMBA perdeu cinco posições: ficou em 38.º lugar; em 2013 ocupava a 33.ª posição. Já o EMBA Worldwide, da Universidade de Pittsburgh, oferecido no Brasil, EUA e República Tcheca, ficou em 53.º lugar; antes estava no 57.º. E, estreando no ranking, está o MBA executivo do Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que foge às regras: é desenvolvido em português em uma única universidade.

O Estadão.Edu acompanhou uma das aulas da FGV, em São Paulo, que integra a disciplina “Economics decision in competitive enviroments” - ou microeconomia, como resume a coordenação do curso. Calcada em cases, ela trata sobre a definição de preços dos produtos. O professor não utiliza o quadro nem o data show para apresentar o conteúdo. Na sala de aula, em formato circular e repleta de executivos, fichários e papéis ainda fazem parte do cenário, mas dividem espaço com tablets e notebooks.

Os cerca de 20 estudantes são estimulados pelo professor a participar, dando exemplos e tentando entender quais estratégias são adotadas pelas empresas em determinadas situações. Os encontros, presenciais, ocorrem a cada três semanas, durante dois dias, em período integral.

O formato possibilita que os executivos continuem exercendo suas funções. A diretora global da unidade de negócios para consumidores de baixa renda da TetraPak, Gisele Gurgel, de 43 anos, divide as aulas com o trabalho e a maternidade. “Já havia feito MBA e especialização, mas, como fazia mais de dez anos que tinha saído dos bancos da universidade e estou em uma posição global, resolvi me atualizar.”

Gisele explica que dá conta das diversas atividades graças ao planejamento. “Quando fui ao Egito a trabalho, usei o voo de 12 horas na ida para dormir e na volta para estudar e fazer os trabalhos do MBA.”

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Pré-requisitos. Para participar do programa, o candidato precisa ter mais de cinco anos de carreira, nível gerencial e currículo com experiências em médias ou grandes empresas. É necessário apresentar duas cartas de recomendação - uma delas do superior direto -, fazer o Graduate Management Admission Test, o Gmat (teste que avalia conhecimentos de inglês e matemática), e passar por entrevistas. Além disso, é preciso desembolsar uma pequena fortuna: R$ 132 mil.

Este é o mais caro dos MBAs executivos oferecidos no País e no custo está incluída a hospedagem nos EUA, Holanda, Turquia, México, China e Índia, onde são realizadas as aulas durante os 21 meses do curso. As passagens aéreas são pagas pelo estudante, à parte.

É justamente dessa conexão global que o gerente financeiro Luca Passarelli, de 40 anos, espera tirar proveito. Após atuar em diversas áreas, passando da advocacia à área fiscal, ele optou pelo MBA para potencializar sua formação e alcançar novos cargos. Passarelli iniciou o programa em setembro e quer transformar 2015 em um ano sabático, de dedicação aos estudos. “O programa exige bastante e quero estar mais exposto às oportunidades. Hoje durmo menos para dar conta do trabalho e das atividades do curso”, diz.

A coordenadora do OneMBA, Marina Heck, destaca que o programa não é para todos os executivos. “É para um nicho: pessoas que falam inglês fluente, têm visão internacional, possuem experiência profissional e cargo de gerência.”

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Segundo Marina, o curso caiu cinco posições no ranking, mesmo mantendo o alto nível, em decorrência da perda de parceria com uma escola de Hong Kong. “Lá, o MBA impulsiona de forma muito significativa os salários e isso soma pontos no ranking. Para a próxima turma já temos acordo com outra universidade de lá.”

Foco em São Paulo. O curso executivo da Universidade de Pittsburgh começou a ser desenvolvido em São Paulo em 2000. Hoje, os participantes têm, em média, 34 anos e 14 de experiência profissional. O programa inicia e acaba com aulas nos Estados Unidos, reunindo os alunos americanos, brasileiros e europeus. A maior parte, no entanto, ocorre em São Paulo, uma vez por mês, de quarta a domingo, em período integral.

Os professores vêm de Pittsburgh para as aulas em inglês com o mesmo conteúdo e materiais utilizados na universidade americana. Há ainda um módulo na República Tcheca, que também faz parte do programa. O MBA, que dura 18 meses, também tem um preço salgado: sai por cerca de R$ 115 mil.

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Segundo a diretora do MBA no Brasil, Karla Alcides, durante as aulas são realizadas discussões estratégicas e aprofundadas para as tomadas de decisões. “Os estudantes trabalham com times multiculturais em temas críticos, como negociação, gestão de pessoas, liderança estratégica para mudança, ética global e cultura organizacional”, diz.

Aulas no Rio. Entre as universidades que compõem o ranking há uma brasileira pública que oferece aulas apenas em português. O MBA executivo da Coppead, da UFRJ, existe há 31 anos e entrou em 2014 no ranking do Financial Times pela primeira vez. O programa busca executivo sênior, com 15 anos de experiência profissional e pelo menos dez em posição de gerência. Mesmo sendo 100% oferecido por uma instituição brasileira, o curso conta com parcerias com universidades dos Estados Unidos, Itália, Rússia, Turquia, China e África do Sul, onde os alunos podem cursar disciplinas.

“O programa tem um caráter globalizado, mas é majoritariamente brasileiro. O curso é generalista e adota o tempero local, atingindo o mesmo nível que o oferecido por universidades estrangeiras”, afirma o diretor do Coppead, Vicente Ferreira.

Cada turma tem cerca de 30 estudantes. O processo de seleção passa por análise do currículo e entrevista para verificar se o perfil do candidato é alinhado ao do curso. O programa sai por R$ 60 mil. “Não temos bolsa, mas os cursos costumam ser pagos pelas empresas”, diz Ferreira.

Serviço:

OneMBA - FGV

Inscrições: de 17/2 a 8/8 

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Duração: 21 meses 

Preço: R$ 132 mil 

Site: http://onemba.fgv.br

EMBA World - Universidade de Pittsburgh

Inscrições: de agosto a fevereiro

Duração: 18 meses 

Preço: cerca de R$ 115 mil 

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Site: www.emba.pitt.edu

EMBA - Coppead/UFRJ

Inscrições: o ano todo; as turmas começam em março e agosto Duração: 12 meses 

Preço: cerca de R$ 60 mil 

Site: www.coppead.ufrj.br

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