Congresso aprova projeto que libera crédito para o Fies

Proposta autoriza a liberação de um crédito suplementar de R$ 1,1 bi para o MEC, sendo R$ 702,5 milhões para o programa de Financiamento Estudantil

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Por Redação
Atualização:
A discussão havia sido adiada por duas vezes pela falta de quórum Foto: André Dusek/Estadão

Após intensa mobilização do governo Michel Temer, o plenário do Congresso aprovou ontem o projeto que autoriza a liberação de crédito suplementar de R$ 1,1 bilhão para o Ministério da Educação (MEC) – desse montante, R$ 702,5 milhões são para o programa de Financiamento Estudantil (Fies). O texto vai para sanção do presidente. 

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O ministro da Educação, o deputado licenciado Mendonça Filho (DEM-PE), compareceu pessoalmente ao plenário da Câmara, a fim de garantir apoio para votar a proposta, que passou de forma simbólica (sem o registro de votos). A discussão do crédito para o Fies havia sido adiada por duas vezes por falta de quórum. Em razão disso, o governo já atrasou em três meses os repasses para as instituições de ensino superior cadastradas no programa. Universidades reclamavam que isso inviabiliza seu funcionamento e a manutenção de estudantes que utilizam o financiamento público para cursar o nível superior.

Desta vez, os parlamentares da base aliada se mobilizaram para participar da sessão conjunta. O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também atuou para garantir a presença dos deputados e senadores e ainda ajudou o Palácio do Planalto ao anunciar a inversão de pauta para votar a proposta logo após a manutenção de três créditos presidenciais.

Parlamentares da base e da oposição se dividiram em plenário em discursos favoráveis ao projeto. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) destacou que o crédito também vai contemplar recursos para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – cerca de R$ 400 milhões do total de créditos serão destinados para a prova dos dias 5 e 6.

Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), fez questão de ressaltar que a oposição sempre foi favorável ao projeto, ao contrário do que teriam sugerido integrantes da base aliada de Temer.

Agilidade. As entidades que representam as instituições de ensino privadas comemoraram a aprovação, mas ressaltaram que ainda é preciso agilidade do governo para a liberação do recurso. As faculdades estão sem receber desde julho – e a soma dos atrasos é de cerca de R$ 5 bilhões, referentes a 1,8 milhão de alunos. “Espero que o governo acelere a liberação, porque o prejuízo já é grande para as instituições. Muitas recorreram a empréstimos em bancos e estão pagando juros”, disse Janguiê Diniz, presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). 

Rodrigo Capelato, diretor do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), disse que o recurso precisa ser liberado ainda em novembro para que as faculdades consigam pagar a primeira parcela do 13.º salário. “Muitas já atrasaram o pagamento dos funcionários, dos fornecedores. É preciso regularizar a situação o mais rápido possível para evitar prejuízos ainda maiores”, disse. 

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Logo após a aprovação do projeto, Mendonça Filho afirmou que em no máximo uma semana os recursos para os contratos com o programa estarão normalizados. Ele disse que vai pedir ao presidente em exercício da República, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que sancione o quanto antes o projeto de liberação de crédito e, tão logo isso ocorra, quer normalizar a situação dos estudantes que fazem parte do Fies. 

Sem prejuízo. O ministro também assegurou que não haverá prejuízos para a realização do Enem. Ele disse que a prova terá recursos suficientes para honrar os compromissos previstos no cronograma. “Agora temos esses dois assuntos absolutamente resolvidos e nenhum problema orçamentário ou financeiro poderá causar nenhum prejuízo tanto com relação ao Fies quanto com relação ao Enem", disse o ministro. / RICARDO BRITO, DAIENE CARDOSO, ISADORA PERON, ISABELA BONFIM e ISABELA PALHARES