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Compreender estrutura emocional é a chave, diz pesquisadora

A pesquisa Aprova Brasil mostra que os professores precisam ser capacitados para conseguir ouvir seus alunos e se desdobrar para que eles aprendam

Por Agencia Estado
Atualização:

As constatações da pesquisa Aprova Brasil mostram que os professores precisam ser capacitados também quanto à estrutura emocional das crianças, para que consigam ouvir seus alunos e se desdobrar para que eles aprendam. Segundo Ruth Cohen, pesquisadora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o caminho é difícil, em meio a um contingente de professores desvalorizados, desestimulados e até amedrontados, mas a experiência em três escolas cariocas mostra que é possível. ?O professor precisa entender que o aluno que o agride não o está agredindo pessoalmente, tem de estar preparado para receber as manifestações das crianças, saber qual é o seu lugar, suportar quando elas não estão bem, acolher sem cobrar?, sugere Ruth. Isso é possível quando o professor aprende sobre mecanismos inconscientes, muito subjetivos, mas que geram problemas na aprendizagem. ?Esta é a única via possível, principalmente quando estamos tratando de alunos sujeitos ao fracasso escolar.? No estudo que Ruth coordenou, os pesquisadores constataram exatamente o mesmo que o Unicef nesta amostragem de 33 escolas. ?A relação do professor, do servente, do diretor da escola, tem importância fundamental e o aprendizado é melhor quando há um clima afetivo de cuidado?, conta. E o melhor: o exemplo daqueles que efetivamente cuidavam das crianças pôde ser apreendido pelos demais, em grupos de discussão regulares. Os próprios professores assumiram, ao final do projeto, a tarefa de ajudar os demais nesta capacitação. A representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, também acha que é difícil transformar qualidades pessoais dos bons professores em políticas públicas nacionais, mas não vê outro caminho senão mudar a mentalidade nas escolas, nas comunidades e em toda a sociedade. ?Com o mesmo grupo de pessoas, ou se transforma o mundo ou continuamos na mesma?, diz ela. Mesmo em sociedades muito resistentes, observa, a mudança é possível. ?No Paquistão, entre 1995 e 1998, ajudamos a elevar de 3% para 12% a parcela de mulheres escolarizadas numa região onde as tradições dificultavam o acesso à educação.?

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