31 de julho de 2019 | 16h06
Em vigor desde 2015, a Lei nº 13.185 classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos.
Na lei também foi instituído do Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas, em 7 de abril, para que sejam aplicadas ações de conscientização nos colégios. A data faz referência à tragédia ocorrida em 2011, quando um jovem de 24 anos invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, e matou 11 crianças.
Entre os objetivos da medida, estão a capacitação de docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação; instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; dar assistência psicológica, social e jurídica.
A preocupação acerca do bullying pode ser explicada em números. Uma pesquisa realizada pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), em parceria com o Ministério da Educação, revelou que 69,7% dos estudantes brasileiros declaram já ter presenciado situações de bullying dentro da escola. Além disso, um em cada dez estudantes brasileiros é vítima de bullying, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
Identificar se uma criança pratica bullying é ainda mais difícil do que saber se ela está sofrendo a agressão, afirma a pedagoga Márcia Régis, do Colégio Presbiteriano Mackenzie. “É sutil, mas ela dá sinais. A criança acaba tendo algum tipo de agressividade nas palavras, de intimidação. Você observa que ela já tratou mal um colega, um familiar, um animal”, diz.
De acordo com ela, é comum às crianças que praticam bullying a prática de colocar o outro para baixo para se autoafirmar. “É complicado de identificar, porque elas criam um comportamento dissimulado. São bonzinhos na frente dos pais”, explica.
O professor do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade de São Paulo (USP) José Leon Crochick afirma que a criança que pratica bullying tem a necessidade de querer se exibir e se destacar, com uso da agressão como uma maneira de mostrar a sua superioridade sobre o seu alvo.
"Tendem a ser mais arrogantes, orgulhosos e não admitirem críticas. A vítima é quem julgam que possam humilhar à vontade, sem que haja reação suficiente. Não só têm insensibilidade com o sofrimento do outro, como têm prazer de fazê-lo sofrer”, afirma.
Como proceder se o seu filho pratica o bullying
Em relação ao autor da agressão, Crochick afirmou que é preciso que seja lembrado que o bullying não deve ser considerado uma brincadeira. “Enfatizar que a agressão e a violência são atitudes infantis e que há outras formas de se tornar visível, diferenciado, respeitado aos olhos dos colegas e dos professores, assim como todos o são, que não por meio da violência”, aponta.
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