Aguns pais têm muita dificuldade com a educação sexual dos filhos: não sabem com qual idade devem abordar o assunto, se atrapalham com as perguntas que fazem, ficam constrangidos ao falar sobre o tema e suas preocupações afetam muito o conteúdo e a forma como tratam as questões que os filhos trazem. E mais: dúvidas não faltam para os que querem praticar uma boa educação sexual com seus filhos.
Acontece que a educação sexual familiar ocorre no cotidiano. É que crianças e adolescentes têm curiosidade, eles pensam sobre o assunto, levantam hipóteses, se angustiam com imagens que viram na internet, e querem saber. E como querem! Então: os pais devem falar com os filhos sobre as questões da sexualidade quando eles se manifestarem.
E é preciso atenção porque nem sempre chegam perguntas diretas. Uma criança pequena, perto dos 2 anos, pode querer saber a respeito da enorme barriga de uma mulher, mesmo que anteriormente ela já tenha visto uma grávida. Para uma curiosidade nessa idade, a resposta precisa e deve ser simples e direta: lá tem um bebê. Ela pode continuar com as perguntas, mas é sempre preciso lembrar de oferecer respostas adequadas à idade.
Um ou dois anos depois, a criança descobre que mexer nos seus genitais lhe dá uma sensação bem gostosa. Natural. Mas aí os pais precisam colocar ao filho/a as regras da sociedade em que vivem: aqui ninguém anda pelado ou faz isso na frente dos outros. Só quando está sozinho. Isso é uma lição importante de intimidade e de socialização.
Grandes questões a respeito desse delicado tema – até para adultos – envolvem crianças na segunda parte da infância. Temos pressão social imensa e oferta enorme de conteúdos que envolvem a sexualidade nada adequados na internet para essa criançada.
Pois é: você até pode restringir e tutelar o que seu filho/a vê na internet. Mas outros pais não fazem isso e seu filho/a tem muitos colegas na escola, lembre-se disso. Ouvir o que eles dizem, comentam, opinam sobre todos esses temas é uma excelente maneira de conduzir conversas necessárias.
Temos uma oferta de qualidade na literatura para ajudar. Temos também, e principalmente, as escolas. Aliás, em recente pesquisa constatou-se que, em cada dez pessoas, sete são favoráveis à discussão desse tema nas escolas.
É bom saber, portanto, como a escola que seu filho/a frequenta trata essa questão: se planeja, se forma os professores, se permite que seus alunos tragam o assunto à tona a qualquer momento.
*É PSICÓLOGA, CONSULTORA EDUCACIONAL E AUTORA DO LIVRO EDUCAÇÃO SEM BLÁ-BLÁ-BLÁ