Começam hoje as eleições da SBPC

São candidatos para esta gestão os físicos Ennio Candotti, da Ufes, e Rogério Cezar de Cerqueira Leite, da Unicamp, e o filósofo Renato Janine Ribeiro, da USP

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Por Agencia Estado
Atualização:

De hoje até o dia 13 de junho, 5.058 sócios da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) irão escolher, pela internet, o seu presidente. São candidatos para esta gestão os físicos Ennio Candotti, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o filósofo Renato Janine Ribeiro, da Universidade de São Paulo (USP). Há 10 anos a entidade escolhia seus presidentes por consenso. O escolhido tomará posse durante a 55.ª Reunião Anual da entidade, que ocorrerá entre 13 e 18 de julho, no Recife, para um mandato de dois anos. A volta da disputa tem como fundo acusação de favorecimento. Cerqueira Leite conseguiu a assinatura de cem sócios da SBPC para lançar sua candidatura, como prevê o estatuto da entidade. O físico iniciou sua campanha criticando a inscrição de 1.900 professores da rede pública do Recife como associados da entidade. As filiações seriam pagas pela prefeitura e apoiadas por "um dos candidatos". "Às vésperas da eleição, esse fato, que dobra o colégio eleitoral, não é mera coincidência", disse ele. Cerqueira Leite disse ao Estado que "todo mundo sabe que foi o professor Candotti". Apesar de acreditar que isso não vai pôr em risco a lisura da eleição, Cerqueira Leite diz que o apoio às inscrições foi um "erro perigoso" de Candotti. "É uma tentativa de mudar a SBPC, tornando-a mais porosa, penetrável", diz. "Deixaria de ser a casa do cientista para ser a dos professores." Candotti se defende. "O professor (Cerqueira Leite) foi mal informado", diz. "A reunião do conselho (da SBPC) em que se examinou a questão da filiação dos professores havia decidido logo no seu começo, e por minha proposta, que a partir daquele momento nenhum novo sócio poderia votar nestas eleições", acrescenta Candotti. Portanto, mesmo se o conselho decidisse favoravelmente à filiação dos novos sócios eles não poderiam votar. A insinuação do professor Rogério não tem nenhum fundamento." O episódio das inscrições provocou outro desdobramento: a candidatura de Ribeiro. "Simpatizava com a candidatura do professor Ennio, até que tomamos campos separados justamente por causa desse caso, que veio à luz no começo de fevereiro", explica. "Opus-me ao pagamento, pela prefeitura do Recife, da filiação dos professores." Ainda de acordo com Ribeiro, na reunião do Conselho da SBPC, em 23 de fevereiro, ele defendeu a posição de que a filiação sempre tem de ser paga pelo próprio associado, não podendo ser terceirizada. "Mais que isso, declarei-me contra filiações em massa, a não ser que, de maneira transparente, a própria SBPC aprove sua expansão", diz. "Como Ennio se declarou a favor disso, aceitei minha candidatura à presidência." Os dois, Candotti e Ribeiro, foram lançados candidatos pelo conselho da SBPC. A prefeitura do Recife voltou atrás e as filiações acabaram não ocorrendo.

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