Com duração de dois a três anos, curso tecnológico oferece currículo especializado

Modalidade cresceu 140% entre 2015 e 2019 com interesse de profissionais mais experientes, entre 30 e 44 anos

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Por Ocimara Balmant e Alex Gomes
Atualização:

Menos é mais. O bordão usado por profissionais de artes visuais, que trata da redução do uso de recursos para obter resultados mais impactantes, tem eco no universo da educação na graduação tecnológica. A modalidade propõe uma formação mais curta, mas, ao mesmo tempo, currículo mais aprofundado em um tema específico. Normalmente são de dois a três anos de curso, especializado em um campo de trabalho. 

Segundo Rodrigo Capelato, do Semesp, procura aumentou com EAD Foto: Semesp

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Uma receita que tem dado certo. Levantamento do Semesp, entidade que representa mantenedoras do ensino superior no País, o número de matrículas em graduações tecnológicas cresceu 140% entre 2015 e 2019: saiu de 227.434 para 546.785 alunos. “O crescimento acelerado foi motivado pelo formato a distância (EAD) e pelo interesse de profissionais mais experientes, com idade entre 30 e 44 anos. São pessoas que estão no mercado de trabalho e querem ascender nas carreiras, procurando cursos que são mais focados e rápidos”, afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.  De fato, as pesquisas que mostram as tendências da economia servem de bússolas que orientam a oferta de graduações tecnológicas. O estudo Guia Salarial 2021, elaborado pela empresa de recrutamento Robert Half, aponta cinco áreas em alta no mercado de trabalho: tecnologia, saúde, agronegócio, infraestrutura e logística. O setor de tecnologia é considerado a bola da vez.  Visto como cada vez mais estratégico, trata-se de um segmento nos quais os profissionais são disputados com ofertas salariais cada vez mais atraentes, independentemente da hierarquia profissional. Conforme o guia da Robert Half, profissionais iniciantes, como analistas de sistemas júnior, podem receber entre R$ 4 mil e R$ 7.850. Já quem está com a carreira mais avançada, como gerentes de dados, pode ter ganhos de R$ 18 mil a R$ 36 mil. 

Novos produtos

Três áreas de cursos tecnológicos aquecidas atualmente, segundo o estudo da Robert Half, são saúde, tecnologia e agronegócio. Com a pandemia, saúde ficou ainda mais em evidência. E, além das carreiras mais conhecidas, como a de médicos e enfermeiros, outras categorias profissionais despontam. Profissionais que lidam com desenvolvimento de medicamentos e elaboração de diagnósticos, por exemplo, estão muito requisitados. Têm uma atuação relacionada à biotecnologia, área ligada ao desenvolvimento de produtos com base na manipulação de organismos vivos, com um aproveitamento de recursos da natureza e da própria composição genética dos seres humanos em linhas de pesquisa. Lançada neste ano, a graduação tecnológica em Biotecnologia da Universidade Metodista de São Paulo responde a essa demanda. Na grade curricular, há temas como biotecnologia aplicada à saúde humana e animal, biotecnologia dos alimentos e gestão em biotecnologia aplicada à saúde e às indústrias. “A formação também oferece projetos de extensão universitária, que possibilitam o desenvolvimento de trabalhos com a comunidade e aplicação prática do que aprende em sala de aula”, diz Valquíria Rossi, diretora do câmpus Planalto, onde o curso é oferecido. As áreas de atuação são variadas. Além da indústria farmacêutica, o formado em Biotecnologia pode lidar em organizações ligadas ao meio ambiente e à agroindústria. Outra possibilidade promissora é atuar com produção de biocombustíveis, viabilizando inovações para os setores de energia. Com o avanço tecnológico na saúde, os formados em biotecnologia ganham um campo de atuação como os imaginados em filmes de ficção científica: a bioinformática. O termo se refere a análise de dados biológicos no desenvolvimento de biossensores e demais dispositivos. Há uma interdisciplinaridade com áreas como ciência da computação, estatística e engenharias para analisar e processar dados orgânicos.

Não confunda com curso técnico

Os tecnólogos – também chamados de graduação tecnológica, ou cursos tecnológicos – fazem parte do ensino superior. Assim como bacharelado e licenciatura, os tecnólogos são reconhecidos como graduação e habilitam os concluintes a seguir para outras etapas da educação, entre elas mestrado e doutorado. Já os cursos técnicos são uma modalidade da educação profissional destinada aos estudantes de ensino médio ou às pessoas que já concluíram essa etapa da educação básica. Possuem legislação própria e diretrizes curriculares específicas e podem ser desenvolvidos de forma articulada com o ensino médio regular, com um currículo integrado e concomitante ou subsequente à conclusão do curso.

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