A China embarcou no fim da década passada em um agressivo programa de expansão do ensino superior. De 1999 a 2008, o total de alunos quintuplicou, subindo de 4,1 milhões para 20,2 milhões. O movimento foi acompanhado do aumento no número de estudantes de pós-graduação e de alunos no exterior. Em 2008, havia 180 mil chineses estudando em outros países, ante 23,7 mil em 1999. A China é o país com maior número de estudantes nos Estados Unidos depois da Índia, mas no atual ritmo de crescimento deverá atingir o primeiro lugar até 2010. Quanto à pós, o total de alunos matriculados em cursos saltou de 233,5 mil em 1999 para 1,3 milhão em 2008. De acordo com o Ministério da Educação, 23% da população do país em idade universitária está matriculada no ensino superior, um aumento de 8 pontos porcentuais em relação aos 15% de 2002. Esse processo de expansão começou logo depois da crise asiática de 1998, quando a China viu ameaçado seu modelo de desenvolvimento pela queda da demanda pelas suas exportações. O chinês Tang Min, que era economista do Banco de Desenvolvimento da Ásia, defendeu na época a tese de que o país deveria aumentar o consumo doméstico, para se tornar menos vulnerável aos humores da economia mundial. Na opinião de Tang, a precondição para o fortalecimento do poder de compra era a expansão do número de chineses com diploma universitário. Além disso, no fim da década de 90, a China estava em um amplo processo de reforma do setor público, com o fechamento de centenas de empresas estatais e a demissão de milhões de trabalhadores. Nesse cenário, fazia sentido adiar a entrada no mercado de trabalho de alguns milhões de estudantes do 2º grau. Em anos recentes, a inundação do mercado por recém-formados gerou uma enorme pressão na busca por empregos. "O plano de grande ampliação da população universitária é a principal razão para o atual problema de desemprego", disse no início do ano Zhou Haiwang, vice-diretor de Estudos de População e Desenvolvimento da Academia de Ciências Sociais de Xangai, segundo o jornal China Daily. De acordo com o Ministério do Trabalho, no ano passado 30% dos 5,11 milhões de alunos que saíram das universidades não conseguiram colocação no mercado. Em números absolutos, isso significa 1,5 milhão de pessoas, 500 mil a mais do que no ano anterior. Esse grupo se juntou aos 6,1 milhões formados em 2009, que enfrentaram dificuldades ainda maiores por causa da crise financeira global.