12 de maio de 2010 | 20h15
Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) fazem ato de protesto na noite desta quarta-feira, 12, no Largo São Francisco. Eles são contrários ao processo de mudança do acervo da biblioteca para o prédio anexo, na Rua Senador Feijó, que está em condições precárias, e ao batismo de salas novas com nomes dos doadores - o escritório de advocacia Pinheiro Neto e os herdeiros do banqueiro Pedro Conde.
Reunidos no pátio das Arcadas, os estudantes envolveram alguns pilares do edifício com panos pretos e pedem o afastamento do reitor da USP, João Grandino Rodas, que dirigiu a unidade até o ano passado. Em votação, eles decidiram interromper as atividades na faculdade nesta quinta.
Decisão judicial da semana passada já exigiu a transferência dos livros encaixotados do prédio anexo para o prédio histórico. Alunos e professores garantem que parte do acervo continua na Rua Senador Feijó. Rodas foi responsável pela mudança da biblioteca.
Na última sexta-feira, 7, depois da ordem judicial, enquanto o atual diretor, Antonio Gomes Magalhães Filho, estava hospitalizado, o vice-diretor Paulo Borba Casella - ligado a Rodas - teria tentado revogar a ordem de transferência.
Magalhães foi ovacionado durante o ato. Os estudantes avaliam que o atual diretor está sendo pressionado pela reitoria da USP para manter os livros no anexo. Segundo o atual diretor, a manifestação é legítima e disse que, até sábado, todos os livros encaixotados estarão de volta ao prédio histórico.
"Eu faria a mudança de forma mais pensada, mas agora nao há o que fazer", afirmou.
O diretor, que defende a "expansão" da biblioteca, não quis comentar a atitude de seu vice e afirmou manter boas relações com Rodas. Ele informou que está negociando com a reitoria prioridade para a liberação de verbas para a reforma do prédio na Rua Senador Feijó - que também não tem prazo definido para a conclusão.
Placas
Outra polêmica que envolve a faculdade tem a ver com os nomes das novas salas do prédio histórico. A reforma para o auditório, no primeiro andar, e a sala, no térreo, foi feita com verba substancial doada pelos herdeiros do banqueiro Pedro Conde e do advogado Pinheiro Neto, razão pela qual foram batizadas com seus nomes. Os alunos também estão protestando contra essa decisão, cobrindo com panos pretos os nomes das salas. A tradição manda que apenas professores da casa deem nomes a salas.
Um recurso contra os nomes das salas está sendo analisado, segundo Magalhães, pela Congregação - órgão deliberativo máximo da Faculdade de Direito. Enquanto isso, os nomes serão mantidos. "Sou favorável que a faculdade receba auxílio externo e inclusive reconheça esse auxílio colocando os nomes em salas de aula", disse. "Outra conversa é como foi feito isso."
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