21 de setembro de 2018 | 03h30
O grande problema do ensino superior brasileiro está no ensino básico. O Brasil tem um dos índices mais baixos do mundo de formados em universidades e faculdades - 16% entre os cidadãos de 25 a 34 anos e 11% entre os que têm de 55 a 64 anos. Em países ricos são, em média, 43% e 26%, respectivamente. Mas eles não chegam não porque faltem vagas - há milhares sobrando, até nas disputadas instituições federais.
Os jovens não cursam ensino superior porque mal passam pelo ensino médio, o antigo colegial. Na mesma faixa etária, de 25 a 64 anos, mais de metade não termina a escola. Entre os mais novos, as taxas de abandono são altíssimas, principalmente entre negros e pobres.
Mas há ainda os que, bravamente, conseguem ir até o fim. As avaliações recentes mostram que mais da metade termina os 12 anos de escolaridade sem conseguir entender a informação principal de uma reportagem. E as dificuldades não são apenas no ensino público: só 10% dos alunos de escolas privadas têm notas que entram no rol de avançadas do Ministério da Educação.
Mesmo com esse cenário, o Brasil continua investindo três vezes mais no ensino superior do que no básico. Com um ensino médio ruim, que não ajuda o adolescente a ver um futuro no conhecimento, nunca teremos mais alunos no ensino superior - e mais bem qualificados. E isso não diz respeito só ao destino de cada um. Não adianta apenas lamentar pelos que não conseguem se formar. É algo crucial para o futuro e o desenvolvimento da nação.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.