PUBLICIDADE

Cem empresários aceitam desafio de ajudar na alfabetização do País

Muitos já têm programas de educação nas empresas, mas associação encampa a proposta de abolir o analfabetismo, que atinge 20 milhões de brasileiros

Por Agencia Estado
Atualização:

Ensinar funcionários a ler e a escrever no próprio ambiente de trabalho, após ou até mesmo durante o expediente, é a nova meta que um grupo de cem empresas decidiu estabelecer a partir de agora. A idéia está sendo proposta pela Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania (Cives) e se encaixa nos planos do Ministério da Educação de acabar com o analfabetismo no País, que ainda atinge cerca de 20 milhões de pessoas. A projeto surgiu de um desafio feito pelo ministro Cristovam Buarque para que o empresariado ajudasse no que ele chamou de "abolição do analfabetismo". A proposta foi lançada na semana passada, durante um evento sobre alfabetização que a entidade promoveu em São Paulo. Contribuir para mudanças "Aceitamos o desafio. Os empresários vão abrir espaços nas empresas para implantar o programa Brasil Alfabetizado e contribuir para a mudança das condições sociais no Brasil", disse um dos fundadores e membro da coordenação nacional da Cives, Dilermando Allan Filho. "Se começarmos, o movimento tende a se expandir." Em algumas empresas, isso já é realidade. A Fersol, por exemplo, que faz nutrientes agrícolas, se dedica desde 1996 à educação. Começou com duas professoras alfabetizando funcionários no refeitório, na sala de reuniões e até no jardim da fábrica, na cidade de Mairinque, interior de São Paulo. Hoje, a empresa mantém cursos de alfabetização e um supletivo que atende funcionários, seus familiares e a comunidade do bairro. Cerca de 200 já foram alfabetizados e dobro já passou pela escola da empresa. Educação ajudou empresa "Em 1996 estávamos quebrados, com uma dívida de US$ 10 milhões, e decidimos que a única maneira de sair do buraco era investir na educação dos funcionários", diz Michael Haradom, presidente da empresa. Hoje, apenas 10% dos trabalhadores ainda não concluíram o fundamental. "A eficiência, a auto-estima e o compromisso dos funcionários aumentou", comemora Haradom. A proposta da Cives também deve mobilizar empresas onde todos os funcionários já têm escolaridade fundamental. "A nossa idéia é tentar fazer parcerias e abrir canais com clientes e fornecedores para criar uma rede e alfabetizar quem precisa", diz o diretor-executivo da Planinveste, de vales-refeição e vales-transporte, Paulo Lofreta. 1 milhão por ano Segundo o MEC, a cada ano cerca de 1 milhão de pessoas são alfabetizadas no Brasil sem nenhuma participação do poder público. É o resultado do esforço de entidades não-governamentais, igrejas e instituições. O envolvimento de empresas na alfabetização de funcionários não é novidade. Muitas delas se utilizam de uma dos mais tradicionais projetos de alfabetização de jovens e adultos, o Telecurso. O Sesi mantém um programa próprio de alfabetização intensiva. Só no ano passado, os dois projetos alfabetizaram 29.300 pessoas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.