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Câmara destaca papel de Julio de Mesquita Filho na USP

Por Agencia Estado
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A Câmara dos Deputados homenageou nesta quarta-feira os 70 anos da Universidade de São Paulo (USP). Na sessão solene, os oradores destacaram o papel do jornalista Julio de Mesquita Filho na fundação de uma das cem melhores instituições universitárias do mundo. A sessão foi requerida pelos deputados Mendes Thame (PSDB), João Herrmann (PPS) e Paes Landim (PTB), todos eleitos por São Paulo. "A criação da USP foi mais do que um acontecimento educativo-cultural: foi uma atitude política, reflexo das substanciosas mudanças então em curso na sociedade brasileira. Vivíamos o ano de 1934 e o povo paulista ainda não se refizera da dramática experiência da Revolução Constitucionalista de 1932", discursou o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Saberes e Estado "Eram as lideranças políticas da República Velha quase todas exercidas por bacharéis em Direito. Faltava-lhes, pois, o conhecimento de economia, sociologia, filosofia e de outras importantes ciências, saberes com os quais poderiam desempenhar melhor e mais eficientemente os papéis que detinham. Essa, a convicção que levou personalidades como Julio de Mesquita Filho, Paulo Duarte e Vicente Rao a defender a fundação de uma grande e moderna universidade, indutora do processo de aperfeiçoamento e de atualização de que necessitavam governantes e administradores públicos brasileiros. Assim nasceu a USP." Ao subir à tribuna, o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), disse que a fundação da universidade mostra a importância do planejamento de quadros técnicos, científicos e políticos. "Se observarmos o mundo de hoje, veremos que a idéia de um Estado planejado, financiando e criando oportunidades, principalmente para os que não têm recursos competirem com os que têm, é um ponto de inflexão na vida nacional. Essa iniciativa, que coube ao então interventor Armando Salles Oliveira, ao constituir uma comissão composta pelo jornalista Julio de Mesquita Filho, os professores André Dreyfus e Vicente Rao, traduzia intenção expressa na justificação do ato de criação da USP." Bases da liberdade Em seguida, Chinaglia citou o ato de criação da universidade: "A organização e o desenvolvimento da cultura filosófica, científica, literária e artística constituem as bases em que se assentam a liberdade e a grandeza de um povo." O deputado Paes Landim, um dos autores do requerimento, disse que a criação da USP foi inspirada "em um grupo de aristocratas paulistas ilustrados, entre os quais destacava-se Julio de Mesquita Filho e Armando Salles Oliveira". A USP, disse Landim, "seria o real instrumento para criar uma nova elite paulista e brasileira em todos os níveis". Ele lembrou que Florestan Fernandes dizia que a nova universidade ocasionou a maior revolução intelectual jamais vista no País. "Dizia Julio de Mesquita Filho que a grande saída era criar esse grande instrumento intelectual - e ele efetivamente mudou São Paulo." Iluminismo na ditadura José Pinoti (PFL-SP) afirmou que a USP nasceu numa espécie de "iluminismo dentro de um processo de ditadura e traz forte influência, por causa de Julio de Mesquita Filho e de Armando Salles Oliveira, da grande école francesa. Traz a influência do racionalismo europeu, que foi liderado no século 18 por Descartes e por Spinoza. A partir daí, forma uma tradição cada vez mais forte, que não se deixa influenciar, como as demais universidades brasileiras, pela influência americana, dos land colleges e do fordismo. Mantém a característica da intelectualidade, do racionalismo europeu e da grande école francesa." Também o deputado Mendes Thame citou o fundamental papel de Julio de Mesquita Filho na criação da USP.

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