Diminui o número de alunos de escolas públicas na USP

Das cerca de 10 mil vagas disponíveis no vestibular 2016, somente 30,6% não estudaram na rede privada durante o ensino médio

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Por Isabela Palhares
Atualização:
Cidade Universitária, no Butantã,zona oeste de SP Foto: Nilton Fukuda|Estadão

SÃO PAULO - O número de alunos de escola pública que entraram na Universidade de São Paulo (USP) pela Fuvest caiu em 2016. Das cerca de 10 mil vagas disponíveis no vestibular, só 30,6% - 3.121 matriculados - estudaram em escola pública no ensino médio. Em 2015, 35,1% (3.847) dos ingressantes eram da rede pública.

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Este foi o primeiro ano em que a USP adotou o Enem como forma complementar de seleção. Mesmo considerando os que entraram por esse sistema, o porcentual de inclusão continua menor do que o de 2015 - no total, os estudantes ingressantes de escola pública representaram apenas 34,6% neste ano. 

A proporção dos alunos que entraram como autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPIs), selecionados pela Fuvest, também teve queda de 18,8% (2.065), em 2015, para 17,4% (1.775) neste ano. A USP não adota cotas sociais ou raciais, mas bonificação. A universidade tem como meta ter 50% dos calouros vindos da escola pública até 2018.

Ao usar o Enem, a universidade pretendia aumentar o nível de inclusão. Como a medida reduziu o número de alunos da rede pública, para o próximo vestibular algumas unidades da USP estão destinando uma parte das vagas reservadas para a seleção do Enem exclusivamente para a rede pública e PPIs - é o caso da Escola de Comunicação e Artes (ECA) e da Faculdade de Economia e Administração (FEA).

Há quase dois meses, a USP enfrenta protestos de alunos que pedem a adoção de cotas sociais e raciais. Em resposta, a USP reafirmou nota divulgada em maio, na qual o pró-reitor de graduação, Antonio Carlos Hernandes, afirmou que para o vestibular de 2017 serão corrigidos os “problemas operacionais” para elevar o nível de inclusão.

Cursos. Nos dez cursos mais concorridos na Fuvest, o porcentual de inclusão é ainda menor. Só em dois deles (Artes Cênicas e Engenharia Civil, em São Carlos), a proporção de alunos de escola pública foi maior do que a média. Curso mais concorrido do vestibular, Medicina em Ribeirão Preto teve apenas 24,3% de suas 90 vagas preenchidas por alunos da rede pública.