Brasil pode não cumprir meta da ONU para analfabetismo

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Por Agencia Estado
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O Brasil corre o risco de não conseguir cumprir a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir o analfabetismo entre adultos pela metade até 2015. A avaliação é da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (Unesco), que hoje publicou seu relatório sobre a educação no mundo. Além do Brasil, a Unesco aponta outros 77 países que podem não conseguir, entre eles China, Bangladesh, Burundi, Haiti, Iraque, Paraguai e Sudão. As metas foram estabelecidas há dois anos e meio, em Dacar (Senegal), e devem ser seguidas por toda a comunidade internacional. A meta sob risco, no caso do Brasil, é apenas uma dos objetivos estabelecidos pela ONU para 2015. As outras metas são o acesso à escola a todas a crianças, a igualdade de acesso entre os sexos, a redução do número de crianças que deixam as escolas e a melhora da qualidade do ensino em geral. Em entrevista exclusiva, o autor do relatório, Christopher Colclough, alerta que a manutenção de um número significativo de analfabetos no Brasil pode comprometer até mesmo o funcionamento da economia do País. "Muitos ainda ficarão excluídos do processo de desenvolvimento econômico e até político", afirma. Segundo Colclough, muitas pessoas ainda crescem em regiões no Brasil onde ainda não existe a possibilidade de freqüentar a escola por cinco ou seis anos, principalmente se são adultos e precisam trabalhar. Outro problema é que muitos adultos, apesar de ter freqüentado por alguns anos as salas de aula, vivem em regiões onde materiais impressos não fazem parte do cotidiano das pessoas. Falta de recursos No total, a Unesco alerta que mais 28 países poderão não atingir nenhuma das metas. Esses países representam 26% da população mundial e dois terços deles estão na África; 57 países não conseguirão dar escola a todas as crianças e meninas em 31 Estados podem continuar sendo desfavorecidas no acesso à escola. Outro problema identificado pela Unesco é a falta de professores primários no mundo. Para que as metas sejam atingidas, os países precisariam formar de cerca de 35 milhões de novos professores, além dos que já estão trabalhando. Só no sul da África, há um déficit de 3 milhões desses profissionais. A Unesco reconhece que muitos países subestimaram os custos da educação e não incluíram um aumento do orçamento para o setor nos próximos anos. O pior é que, apesar da dificuldade de vários países em atingir as metas da ONU, a ajuda financeira dos países ricos vem caindo ano após ano. Entre o começo dos anos 90 e o ano 2000, os Estados Unidos cortaram sua ajuda à educação a outros países em 58%. O corte no Reino Unido foi de 39% e os franceses promoveram uma redução de 22% em suas contribuições. O único que manteve suas doações intactas durante os anos 90 foi o Japão.

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