Blair aprova pacote elevando taxa de universidades

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, passou por apuros mas conseguiu aprovar na Câmara dos Comuns um pacote que quase duplica o valor a ser pago pelos ex-alunos das universidades. Pelo projeto, assim que o recém-formado conseguir uma fonte de renda, pagará US$5.500 por ano à universidade onde estudou. Hoje, este valor é de US$2.025. Além dos protestos dos estudantes e ex-alunos, Blair enfrentou uma rebelião em seu próprio partido, na quarta-feira. O trabalhista Ian Gibson apresentou uma emenda ao Pacote do Ensino Superior retirando justamente o aumento da taxa ? e mantendo-a nos atuais valores. Blair só conseguiu anular a emenda depois de ameaçar retirar todo o pacote do Parlamento. Segundo o primeiro-ministro, o aumento da taxa é ponto fundamental do Pacote do Ensino Superior. Com ele, o governo britânico quer conseguir uma receita adicional de US$1,8 bilhão anuais para as universidades. A emenda de Gibson foi derrotada por 28 votos de diferença (316 a 288) e o pacote foi aprovado por 309 a 248. Agora, será enviado à Casa dos Lordes, onde deve ser aprovado para entrar em vigor. Protestos Nos portões do Parlamento, cerca de 200 estudantes e ex-alunos fizeram protestos na quarta-feira, e muitos penduraram os extratos que mostram o saldo a ser pago às universidades. Parlamentares socialistas afirmaram que o pacote traiu o compromisso eleitoral de Blair, que em 2001 prometeu não elevar as taxas no ensino superior. A oposição acusa Blair de planejar fazer das universidades um supermercado de educação, com estudantes pobres tendo de escolher a instituição que podem pagar, sem levar em conta suas potencialidades. Para conter as críticas, Blair prometeu bolsas de estudos para os pobres e garantia de acesso a professores de educação básica. Risco político A crise em torno do Pacote do Ensino Superior foi um episódio sério para o governo Blair, que viu sua autoridade duramente contestada pelo próprio partido. ?Acho que a votação não foi apenas uma decisão pelo futuro da educação superior neste país?, disse o ministro da Educação, Charles Clarke. ?Foi também um voto pela reforma do setor público.? O pacote é carro-chefe da agenda de Blair no Parlamento, que tramita com dificuldade apesar da maioria trabalhista na Câmara dos Comuns (161 cadeiras). Em janeiro, 72 partidários de Blair votaram contra o governo, e o pacote passou por apenas cinco votos.

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