Bastidores: Expectativa era de que os alunos cometessem um equívoco

Projeto de reorganização escolar motivou reuniões quase diárias no governo, com mais de duas horas de duração

PUBLICIDADE

Por Felipe Resk , Paulo Saldaña e Victor Vieira
Atualização:

O projeto de reorganização escolar do governo Geraldo Alckmin (PSDB) enfrentou oposição desde que foi anunciado. Mas, na análise da cúpula da gestão, a situação se agravou com a dificuldade em desmobilizar as ocupações de escolas e lidar com manifestações diárias pelas ruas. Nos últimos dias, integrantes do governo relataram reuniões quase diárias com mais de duas horas de duração, algumas com a participação do próprio governador.

O governo tentou a reintegração de posse das unidades, mas a Justiça não permitiu. Em seguida, a estratégia foi insistir na tese de que o movimento era político e partidário e, em iniciativas lideradas pelas diretorias de ensino, convencer as famílias a pressionarem pela volta às aulas. A expectativa maior, nos últimos dias, era de que os alunos cometessem um equívoco, de modo que a opinião pública se posicionasse contra. No Datafolha, o que se viu foi o contrário: as ocupações tinham o apoio da população.

PUBLICIDADE

O agora ex-secretário da Educação, Herman Voorwald, foi perdendo a confiança no Palácio dos Bandeirantes com o aumento do número de ocupações. Nesta semana, o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, assumiu as negociações. Afastado por motivos de saúde nos últimos dias, mas sem se distanciar totalmente, foi atropelado também na própria pasta. Voorwald disse a interlocutores próximos que nem sequer sabia da reunião feita pelo chefe de gabinete, Fernando Padula, com dirigentes.

No encontro, Padula fala em tática de “guerra”. Voorwald teria ficado furioso que houvesse integrantes do PSDB no encontro. “Isso conspurcou (manchou) nosso trabalho”, disse ele, no relato de um interlocutor. A saída do secretário - adiada no começo do ano a pedido de Alckmin - dá ao governo um culpado. Ontem, os funcionários da pasta não haviam sido comunicados oficialmente sobre a mudança.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.