PUBLICIDADE

Baixa arrecadação do ICMS tira R$ 266 mi de USP, Unesp e Unicamp

Neste ano, orçamento das três estaduais foi revisto por causa da fraca arrecadação; desde 2010, é a primeira vez que receita cai

Por Paulo Saldaña e Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - Em crise financeira, USP, Unicamp e Unesp terão cerca de R$ 266 milhões a menos nos orçamentos deste ano. A redução é um reflexo da fraca arrecadação paulista do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2014, principal fonte de receita das universidades estaduais. Desde 2010, é a primeira vez em que as três instituições precisam fazer essa redução orçamentária ao longo do ano.

USP, Unicamp e Unesp recebem uma cota fixa de 9,57% do imposto recolhido pelo Tesouro do Estado. O novo cálculo para este ano foi feito pelas universidades após receberem estimativas atualizadas de arrecadação da Secretaria Estadual da Fazenda, nas últimas semanas. A revisão leva em consideração o segundo quadrimestre, em que houve produção industrial tímida e menos dias úteis por causa da Copa do Mundo. 

Na USP, a redução é de R$ 140 milhões - o orçamento cai de R$ 4,596 bilhões para R$ 4,456 bilhões previstos Foto: Nilton Fukuda/Estadão

PUBLICIDADE

Na USP, a redução é de R$ 140 milhões - o orçamento cai de R$ 4,596 bilhões para R$ 4,456 bilhões previstos. Unicamp tem diminuição estimada de R$ 61 milhões, ficando com R$ 1,942 bilhão de orçamento. Na Unesp, o recuo da projeção é de R$ 65 milhões, com novo orçamento de R$ 2,077 bilhões. 

A Secretaria da Fazenda informou, em nota, que a estimativa de arrecadação é revista anualmente pelas áreas técnicas das universidades e da pasta no último quadrimestre. “Trata-se de procedimento normal, que visa a assegurar que a execução do orçamento seja compatível com as transferências financeiras”, diz o texto. Como as instituições têm gestão autônoma, destaca a pasta, cabe a elas “gerenciar obrigações e compromissos de acordo com o repasse financeiro correspondente”. 

A variação na arrecadação do imposto, levando em consideração o acumulado entre janeiro e setembro, é de menos 2,1% frente ao mesmo período de 2013. Historicamente, o recolhimento de ICMS é melhor nos últimos meses do ano, alavancado, por exemplo, pelas compras de Natal. A conclusão da Fazenda, porém, mostra que a projeção inicial não deve se cumprir nem em um cenário mais otimista. 

Aperto nas contas. A nova promessa de repasses dificulta ainda mais o encerramento do ano das universidades, que gastam quase 100% do que ganham do Estado com as folhas salariais. Em dezembro, ainda haverá a segunda parcela do reajuste dos professores e funcionários, de 2,52%, e o início do pagamento do décimo terceiro salário. 

O reitor da USP, Marco Antonio Zago, acredita que a redução não se traduzirá em deficiência imediata de verbas. É preciso esperar, diz ele, os efeitos das ações para sanear as contas, como o plano de demissão voluntária de funcionários. “Todas as medidas que tomamos sempre foram no sentido de preservar, a médio prazo, os recursos para cobrir o déficit mensal” afirmou ao Estado. 

Publicidade

Os dados pessimistas também acendem o alerta para 2015. “A economia não vem bem e o ICMS vem caindo”, ponderou Zago. “Temos de trabalhar com realismo.” O novo orçamento das três universidades será discutido e votado entre este mês e o próximo. 

O professor Ciro Correia, presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp), considera a situação grave. “Fica mais evidente que é preciso aumentar os repasses do Estado.” Um pedido para elevar a cota de ICMS de 9,57% para 9,907% já foi encaminhado pelos reitores e está sob análise no governo do Estado e na Assembleia Legislativa. 

Rogério Buccelli, assessor de Planejamento Estratégico da Unesp, defende prudência em 2015. “Vou sugerir ao Conselho Universitário que R$ 80 milhões fiquem como reserva, até termos a certeza de que a previsão de ICMS vai se concretizar.” Em nota, a Unicamp afirmou que já vinha trabalhando com previsão de arrecadação do ICMS abaixo da estimada.

Segundo a Secretaria de Planejamento, o governo considera e toma sua decisão baseado em dados oficiais e do mercado e, para 2015, é “completamente possível o cumprimento do orçamento”.