Aulas em inglês ganham espaço na graduação da USP

Faculdades estimulam aulas em idioma estrangeiro para internacionalizar cursos e facilitar integração de intercambistas

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Por Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - Para alguns alunos da Universidade de São Paulo (USP), é possível ter aulas da graduação em inglês sem cruzar a fronteira. A fim de internacionalizar os cursos e facilitar a adaptação de intercambistas estrangeiros, faculdades têm estimulado a criação de disciplinas em outro idioma. A fraca presença do inglês - na graduação e até na pós - é um dos fatores que pesam contra universidades brasileiras nos rankings internacionais. As faculdades da USP podem ofertar disciplinas optativas em inglês, contanto que tenham aval da Pró-reitoria de Graduação. Matérias obrigatórias também podem ser dadas em outro idioma, desde que também haja oferta em português. O inglês como primeiro idioma é mais comum em seminários ou cursos de curta duração, geralmente na pós. A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) é uma das poucas escolas da USP na capital com disciplinas em inglês na graduação. Em 2014, o pacote de aulas em outro idioma na FEA foi reforçado com o Projeto Discovery, parceria com a Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Em 2014, quatro disciplinas optativas em inglês já foram ofertadas, com docentes brasileiros.

Exterior. Fernando Murcia, docente da FEA, e Fernando Trambacos, aluno de Contábeis, integram projeto Foto: Rafael Arbex/Estadão

"Era preciso melhorar a projeção internacional da faculdade", explica Fernando Murcia, docente da FEA e um dos coordenadores do Discovery. De acordo com ele, as disciplinas permitem aprimorar habilidades exigidas no mercado, como a capacidade de apresentar projetos em outro idioma.

Com experiências no Canadá e na Inglaterra, Fernando Trambacos, aluno do 3.º ano de Ciências Contábeis da FEA, não teve problemas com uma matéria em inglês, mas para os colegas a língua é uma barreira. "Na minha turma, algumas pessoas não dominam o inglês. Alguns gostariam de ter feito, mas não se sentiram seguros", diz.

Segundo Trambacos, o inglês é importante na busca por estágio ou vaga na pesquisa. "Se não falo inglês, não tenho acesso aos principais artigos e ao conhecimento de primeira linha."

No interior.

Há cinco anos, a FEA de Ribeirão Preto oferece três disciplinas em inglês na graduação. Segundo Luciana Morilas, coordenadora do projeto internacional da unidade da USP, o inglês é central para expandir os acordos de intercâmbio. "Algumas universidades estrangeiras cobram parte do conteúdo em inglês para fazermos convênios e enviarmos alunos", explica.

As aulas em inglês também facilitam a adaptação de intercambistas como o francês Alexis Babin, do curso de Administração. "Elas me ajudaram a entender a universidade e a economia local", diz.

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Déficit nas faculdades latino-americanas. Em universidades de países da Europa, como Suíça, Dinamarca e Holanda, é comum que toda a graduação seja ministrada em inglês. Coreia do Sul e China também investem na expansão desse cardápio de atividades no ensino superior.

“A América Latina ainda está muito atrás nesse aspecto”, afirma Rogério Meneghini, diretor científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras. “Essas iniciativas (como as da USP) são válidas para a aprendizagem”, afirma.

Meneghini reconhece avanços nas universidades nacionais. “Hoje os jovens têm muito mais contato com o inglês na graduação do que anos atrás”, diz.

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