Assembléias votam fim da greve nas estaduais

E os estudantes começam a se preocupar com a reposição de aulas. Com 65 dias sem aulas, esta foi a maior paralisação das universidades paulistas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os professores e funcionários das universidades estaduais paulistas começaram nesta quinta-feira as assembléias que devem referendar a volta ao trabalho na segunda-feira, depois de 65 dias de paralisação. Segundo o Fórum das Seis ? que representa entidades das duas caterogias na Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) ?, a proposta de encerrar a greve foi mantida depois da última reunião com os reitores, na noite de quarta, e as assembléias setoriais devem votá-la até sexta. Os Conselho de Reitores das Universidades Paulistas (Cruesp) ofereceu reposição salarial de 2% retroativos a maio (data-base das categorias) e mais 2,14% a partir de agosto, totalizando pelo menos 4,18% de reajuste. O coordenador do Fórum, Milton do Prado Jr., presidente da Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp), afirmou que as entidades continuarão mobilizadas para garantir que não haja punição aos grevistas, demissões nem descontos dos dias parados. Reposição de aulas O Fórum vai trabalhar agora para organizar a reposição de aulas. Os grevistas querem garantir que todo o conteúdo das disciplinas seja mantido, sem prejuízo aos alunos e professores. Onde a adesão à greve foi pequena, como na Unicamp, isso não deve ser muito complicado; na Unesp, entretanto, a adesão foi maior e os ajustes terão de ser grandes. Eduardo Babadopulos Terssetti, de 22 anos, estudante de Arquitetura da Unesp de Bauru, teme que a reposição atinja janeiro e fevereiro. Na USP, a proposta é aulas de segunda-feira até a Semana da Pátria, em setembro, encerrando assim o primeiro semestre. O segundo iria até o fim de dezembro. ?Temos experiência de que repor aulas em janeiro não funciona?, afirmou o presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Américo Kerr. Rotina Há dois meses, o estudante Terssetti fechou a república onde morava e voltou para São Paulo. Desde então, esperava na casa dos pais o término da greve. ?A casa ficou fechada, mas as contas foram se acumulando. Ficou tudo parado lá?, diz. No quarto ano, Terssetti diz que achou estranhos alguns aspectos da paralisação. ?Eu entendo a reivindicação dos professores, mas eles pararam só com as aulas. Continuaram com suas pesquisas.? Agora, vem o novo calendário escolar. Greve longa Com os 65 dias que completa nesta sexta, esta greve é a mais longa da história das universidades paulistas. Em 2000, houve uma paralisação que durou 51 dias. Os grevistas começaram pedindo, entre outras coisas, reposição salarial de 16%. Os reitores insistiram no reajuste zero, alegando estavam impedidos por lei de destinar mais recursos às universidades sem um aumento de arrecadação do governo estadual. Na última semana, os grevistas chegaram ao índice de 9,41% retroativos a maio, para recuperar as perdas acumuladas desde maio de 2001. Os reitores, então, ofereceram os 4,18% parcelados mais a um adicional em janeiro ? vinculado ao aumento de arrecadação ? que faria o reajuste subir a 6%.

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