Arte marcial e esportes para vencer o estresse

Escolas começam a oferecer atividades para reequilibrar corpo e mente dos alunos que passam o dia com os livros, estudando para os exames

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Por Agencia Estado
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Até o ano passado, o estudante paulistano Ariel Jarovski, de 17 anos, costumava nadar no clube seis vezes por semana. Com o vestibular se aproximando, ele interrompeu a rotina. Buscando uma vaga no curso de Publicidade, tratou de se dedicar integralmente aos estudos. E logo vieram as conseqüências: por passar a maior parte do tempo sentado, Ariel engordou cinco quilos e começou a sofrer de tensão muscular nas costas. Ainda por cima, estava stressado. No começo do mês, ele se convenceu a deixar os livros de lado às quintas-feiras, pelo menos durante 40 minutos. O Colégio Peretz, onde estuda, passou a oferecer aulas gratuitas de tai chi chuan, arte marcial chinesa que consiste em uma seqüência de movimentos que relaxam o sistema nervoso. ?Depois desse exercício, vou para o cursinho mais descansado. Vale a pena?, diz Ariel, que até então não fazia idéia do que era a arte marcial. A colega Juliana Dayan, de 17 anos, também aprovou: ?Mas poderia ter começando antes, no início do semestre.? Ritmo e respiração O pacote de cinco aulas, preparado especialmente para os alunos do 3.º ano, segue ritmo próprio. ?Procuro enfatizar a parte de alongamento, postura e respiração, que são essenciais à concentração?, diz o instrutor de tai chi chuan Sérgio Caetano. Segundo a coordenadora do ensino médio Tizuê Fukumoto, a iniciativa faz parte do processo de preparação para o vestibular. ?Nessa fase, eles querem engolir os livros e se esquecem da importância de relaxar.? O colégio tem a intenção de transformar o tai chi chuan em atividade permanente. "Desestresse" Além do Colégio Peretz, outras instituições de ensino particular de São Paulo desenvolvem programas semelhantes de relaxamento. Há dois anos, a percussionista Cássia Araújo foi contratada pela Escola Lourenço Castanho para coordenar as chamadas ?atividades de desestresse?. Uma delas é o Ritual de Passagem, desenvolvido ao longo de quatro encontros de 45 minutos. Em uma sala espelhada ? cheirando a incenso e ao som de Bob Marley ?, os alunos do 3.º ano fazem massagens com bolas, depois com as mãos, para então dançar e tocar instrumentos. ?É um momento de troca importante, já que eles sofrem muita pressão?, diz Cássia. Problemas de sono No Colégio Magno, a preocupação com o bem-estar físico e mental dos alunos surgiu há oito anos, quando uma pesquisa revelou um aumento considerável do porcentual de gordura dos vestibulandos. ?Além disso, eles tinham problemas de sono e se alimentavam mal?, lembra o coordenador Abel Artigó. Foi o que bastou para que o Magno investisse em nutrição e nos esportes. Hoje, o colégio tem 33 professores de educação física e oferece 19 modalidades de atividades físicas, que vão da natação ao alpinismo, passando por musculação, sapateado e arte circense. Esgrima e concentração Anderson Kawamoto, de 17 anos, pratica esgrima. ?Sempre fiz esportes, como handebol, futebol e basquete, mas eles me deixavam agitado. Com a esgrima, aumentei minha capacidade de concentração e na hora de estudar assimilo o conteúdo mais rápido?, diz Anderson. No começo do ano, ele quase foi na onda de parar tudo por causa do vestibular. ?Mas virei um chato, fiquei bitolado sem esporte.? Às vésperas das provas, Anderson se exercita todos os dias e diz que sobra bastante tempo para estudar. ?Se não fosse assim, acho que eu ia querer matar alguém?, brinca.

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