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Argentinos lideram ‘invasão’ de docentes de outros países

São 395 professores estrangeiros, ou 6% do total; universidade é considerada ponto de entrada na América do Sul

Por Marina Azaredo
Atualização:

O geneticista francês Hugo Aguilaniu passa três meses por ano no Brasil. O destino, porém, não é nenhuma praia ou cidade turística, mas a Cidade Universitária da USP. Ele dá aulas como professor convidado do Ciência sem Fronteiras e coordena pesquisas sobre os genes do envelhecimento.

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Casado com uma brasileira, Aguilaniu veio pela primeira vez a trabalho ao País em 2009, após fazer contato com a professora Alicia Kowaltowski. Desde então, tem vindo periodicamente e, antes do Ciência sem Fronteiras, passou pelo Programa Cátedras Francesas do Estado de São Paulo. Hoje, há 395 professores estrangeiros contratados pela universidade - dez deles, franceses -, o que corresponde a 6,7% do total de docentes. Na britânica Universidade de Cambridge, são 41%. No Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), 78%.

 

"Eu estava procurando alguma coisa no Brasil e 90% da produção acadêmica visível no exterior vêm da USP. A universidade é o ponto de entrada da América do Sul", afirma Aguilaniu, que também leciona em instituições da França, da China e da Grã-Bretanha.

Considerada um dos maiores desafios da universidade atualmente, a internacionalização - que inclui a promoção de intercâmbios de alunos e professores com instituições de outros países - é também um dos temas que mais têm sido debatidos no meio acadêmico. A baixa internacionalização da universidade é, inclusive, um dos pontos avaliados na elaboração de rankings de universidades, em que a USP não tem obtido muito destaque, apesar de ser a brasileira mais bem colocada.

O americano Houtan Noushmehr é professor do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto desde 2012, quando deixou o posto de pesquisador da Universidade de Southern, na Califórnia. "O suporte que recebo da universidade é fantástico. O único problema que enfrento aqui é a burocracia", diz.

Alunos. Da mesma maneira que tem investido no intercâmbio de professores, a USP viu um grande aumento no número de alunos estrangeiros nos últimos anos. Em 2005, eram 498. No ano passado, chegou a 1.629. "Para mim, foi importante ver algo que funciona de maneira diferente. Hoje, consigo avaliar muito melhor as coisas no meu país e na minha universidade", diz a alemã Hannah Esser, de 24 anos, que passou oito meses na Faculdade de Medicina.

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