PUBLICIDADE

Apesar de reação de municípios, Bolsonaro diz que 'tem dinheiro' para reajuste de professores

Reajuste salarial de 33,24% do piso dos professores da educação básica foi anunciado na semana passada pelo presidente. Municípios afirmam que vão ter dificuldade para cumprir aumento

Foto do author Eduardo Gayer
Por Eduardo Gayer
Atualização:

PORTO VELHO - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 3, que “tem dinheiro” para oferecer o reajuste salarial de 33,24% no piso dos professores, anunciado na semana passada. No entanto, Estados e municípios, responsáveis pela maioria dos salários da categoria, mostram preocupações jurídicas e fiscais com um aumento dessa magnitude e alertam para a falta de caixa para cumpri-lo.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, assinará nesta sexta-feira, 4, a portaria de reajuste dos professores. "Existia pressão para dar aumento de 10%. Mas tem dinheiro, o governo repassa o dinheiro do Fundeb”, disse o presidente na live.

Presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 3, que "tem dinheiro" para oferecer reajuste salarial de 33,24%; reajuste foi anunciado na semana passada, com críticas de Municípios e Estados Foto: Gabriela Biló/Estadão

PUBLICIDADE

Em seguida, Bolsonaro citou reportagem com a notícia de que a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) orientou prefeitos a não conceder o aumento anunciado pelo governo. “Vamos ver o que vai dar isso aí”, comentou o presidente. A reação da CNM ao reajuste salarial de 33,24% foi antecipada pelo Estadão/ Broadcast Político.

Com o aumento, a CNM calcula um impacto de R$ 30,46 bilhões para as prefeituras. “Não tem um centavo do governo federal para pagamento do piso do magistério no Brasil. O dinheiro não é da União. É muito bom fazer favor com chapéu alheio”, afirmou o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, ao Estadão/Broadcast no dia 27 de janeiro.

A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) também alertou para riscos fiscais e jurídicos em torno da medida. De acordo com a FNP, as finanças municipais não suportam os reajustes no atual cenário de incertezas que vive o Brasil. Estados e municípios são responsáveis por pagar os salários de quase a totalidade dos professores da educação básica.

“É preciso governar combinando sensibilidade social e responsabilidade fiscal. As finanças locais, infelizmente, não suportam reajustes excepcionais no cenário de incertezas que o Brasil enfrenta”, diz a nota da FNP. "Diferentemente da União, os entes subnacionais não podem se endividar para pagar salários. O reajuste de 33,24% no piso desequilibrará as contas públicas, podendo levar ao colapso nos serviços essenciais, à inadimplência e a atrasos de salários”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.