Aos 35 anos, Unesp quer visibilidade

Universidade paulista presente em 23 cidades do interior busca consolidar sua pós-graduação e estimular parcerias internacionais

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Por Mariana Mandelli
Atualização:

Aos 35 anos, a mais jovem e mais descentralizada das três universidades estaduais paulistas quer consolidar sua pós-graduação, internacionalizar seus cursos e, principalmente, aparecer mais para vestibulandos, veículos de comunicação e para a sociedade.Presente em 23 cidades do Estado de São Paulo, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) quer que sua pesquisa e conhecimento científicos saiam do interior e ganhem outros Estados e países."Temos de fazer um trabalho de visibilidade exterior, de fora para dentro. Mas só isso não resolve. Falta colocar a Unesp como opção para a consulta de especialistas, estreitando a relação com a mídia. Não basta fazer um bom trabalho e publicar em revistas científicas. Temos de comunicar para a sociedade", explica o reitor em exercício, Julio Cezar Durigan.Para aumentar ainda mais essa divulgação, Durigan afirma que a Unesp pretende construir, na Praça da Sé, um centro cultural próprio no ano que vem. "Queremos ter exposições das nossas unidades, música, teatro e cinema, fazendo uma vitrine da universidade naquele ponto, que é o de maior visibilidade do País."Exterior. Tradicionalmente conhecida como "prima pobre" das instituições públicas de ensino superior de São Paulo e como terceira opção para os futuros universitários, atrás do interesse por vagas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Unesp agora quer controlar mais a criação de cursos de graduação e focar nas parcerias além-mar. Hoje, são cerca de 180 convênios com 40 países."Estamos construindo parcerias estratégicas com alguns países, como Canadá, Alemanha e França, por exemplo, facilitando o intercâmbio de alunos, professores e a realização de pesquisas conjuntas", afirma José Celso Freire Júnior, assessor de relações externas da Unesp. "Temos de institucionalizar essa internacionalização."A universidade está investindo R$ 7 milhões para se internacionalizar. Entre os principais projetos estão os doutorados com co-tutela, em que o aluno tem um orientador brasileiro e um estrangeiro, e a pós-graduação com aulas em inglês, para atrair estudantes estrangeiros.Trajetória. A Unesp nasceu da conjunção de diversas unidades universitárias, espalhadas pelo interior do Estado (leia mais nesta página). Para o primeiro reitor da Unesp, Luiz Ferreira Martins, a universidade está trilhando o caminho que foi idealizado na época de sua concepção."É a realidade com a qual nós sonhamos, nos idos de 1976. Na época, era difícil avaliar o quanto ela se desenvolveria e quanto prestígio ganharia nacional e internacionalmente", afirma o professor. "Novas perspectivas se abrem para a Unesp."Nos anos 80 e 90, a universidade passou por um período de forte expansão e consolidação da graduação, bem como o desenvolvimento dos programas de pós-graduação.Hoje, a universidade conta com números que impressionam: são quase 63 milhões de metros quadrados de área, 3.543 docentes, 2 mil laboratórios e 1,3 mil projetos de extensão.A pró-reitora de pós-graduação da Unesp, Marilza Rudge, destaca que o principal diferencial da Unesp, que é estar presente em diversas cidades ao mesmo tempo, também é um fator que dificulta a comunicação entre as unidades. "A distribuição geográfica da Unesp é nossa fortaleza, mas também um fator complicador. Temos de trabalhar com isso. Neste ano, adquirimos um equipamento de videoconferência de ponta para facilitar o processo", explica.É por conta desse desenvolvimento que alguns acreditam que o estigma de universidade preterida está ficando para trás. "Temos de entender que a USP é muito antiga, tem uma grande história. A Unicamp foi criada pouco depois da Unesp, mas tem um foco muito claro na geração do conhecimento e na pesquisa. Já a Unesp nasceu para viabilizar uma boa formação para jovens do interior", afirma Herman Voorwald, reitor licenciado que assumiu o cargo de secretário estadual de Educação. "São Paulo tem três grandes universidades, cada uma com o seu formato."Entre os unespianos ilustres, além de Voorwald, a instituição aponta Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura do governo Lula; Jorge Nagle, ex-secretário estadual da Ciência e Tecnologia; e Mônika Bergamaschi, secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado.

 

PARA LEMBRAR

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Criada em 1976, a Unesp nasceu a partir da união dos Institutos Isolados de Ensino Superior do Estado de São Paulo, criados entre as décadas de 1950 e 1960. Cada um deles era uma unidade universitária, localizada em um município do interior do Estado e oferecia cursos de diversas áreas, como formação de professores e saúde.

No início, as escolas, pioneiras em ensino superior no Estado, eram subordinadas à Secretaria Estadual de Educação. Em 1975, começou a se pensar numa nova forma de organizar esses institutos. No ano seguinte, por determinação do então governador Paulo Egydio Martins, a Unesp foi criada por meio de uma lei, recebendo o nome de Júlio de Mesquita Filho.

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