A anulação de 13 questões pode prejudicar a capacidade do Enem de classificar os candidatos, diminuindo a precisão da diferença entre as notas. A avaliação é de Tufi Machado Soares, professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora e especialista em Teoria da Resposta ao Item (TRI), o conjunto de modelos matemáticos usado para calcular a pontuação dos estudantes no Enem.
"Quanto menor essa precisão, menor a discriminação do teste. Principalmente entre os candidatos com melhor desempenho", explica. No entanto, diz Soares, a TRI ainda tem melhor capacidade de distinguir as diferenças entre os candidatos que o método tradicional.
Ainda segundo o professor, como cada questão tem um nível diferente de dificuldade, a anulação de 13 testes pode atingir os candidatos de forma desigual. "Prejudica de imediato quem acertou as questões. Mas, para alguns, pode não afetar em nada."
Na manhã desta terça-feira, o governo federal desistiu de recorrer da decisão judicial que anulou 13 questões da última prova do Enem. Como até o Inep admitiu que 14 testes do exame haviam sido antecipadas em simulado do Colégio Christus, de Fortaleza, o procurador da República Oscar Costa Filho vai pedir a anulação de mais um item. Se o governo não recorrer, passam a valer 166 questões da prova aplicada nos dias 22 e 23 de outubro.