Análise: Só exames não constroem sistemas

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Por Ilona Becskeházy
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Desde a Constituição de 1988, apenas três políticas educacionais efetivamente mudaram de patamar o marasmático setor da educação, que carregava indicadores ignóbeis: em primeiro lugar, a universalização da educação básica, com a expansão do ensino obrigatório e as condições para abrir milhões de vagas. Isso se deu por meio de uma segunda mudança drástica - concentrar as matrículas da educação infantil e do ensino fundamental sob a autoridade de quem está mais perto dos eleitores: os prefeitos. A terceira iniciativa foi criar a cultura de monitoramento de resultados por meio de exames. É claro que as autoridades educacionais sabem que apenas com matrículas e provas não se constrói um sistema sólido de educação para garantir ao País a excelência e a equidade de que necessitamos para resolver nossos desafios internos e externos formando milhões de cidadãos com cérebro (e ética). Ainda não nos dispusemos a parar de nos enganar, acreditando que é possível superar a má qualidade com 4 horas de instrução por dia dadas por professores mal pagos, fragilmente preparados e que praticam o absenteísmo sistemático, sem poder contar com parâmetros curriculares de alto nível e com condições adequadas de trabalho. Sem escolhas mais ousadas, não colheremos resultados mais ambiciosos.Ilona Becskeházy é consultora em Educação

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