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Análise: Pais não devem terceirizar educação para escola

Diretor do Instituto Ayrton Senna afirma que formação de valores começa em casa; pais devem estar mais atentos, defende

Por Mozart Neves Ramos
Atualização:

A transferência do aluno é uma consequência. Para compreendê-la, antes é preciso olhar para trás, pois se trata de uma questão complexa. É preciso entender como este processo se efetiva na escola. Há determinadas situações em que devemos olhar, primeiro, para o próprio processo pedagógico da escola. Minha experiência mostra que muitas vezes o aluno pode não se adequar a este projeto. Isto é algo que nem sempre fica claro na escola pública, por exemplo, pois não há uma visibilidade clara do projeto. Quando se matricula o jovem em uma escola particular, sabe-se exatamente a linha que ela segue.

É preciso pensar, em primeiro lugar, que hoje os pais terceirizam a educação para a escola. Valores que seriam caros à formação, como a relação dos filhos com colegas ou professores, dependem desta educação de casa. Quando deixamos a educação terceirizada, a formação da criança e do jovem é fragilizada. Isso leva à rebeldia e pode até ocasionar o bullying no ambiente escolar, a reprovação, o desentendimento com o professor. O aluno hoje precisa ter maior atenção dos pais e da família para que possa enfrentar essa realidade.

Valores que seriam caros à formação, como a relação dos filhos com colegas ou professores, dependem desta educação de casa Foto: Câmara Municipal de Dom Expedito Lopes/Divulgação

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A própria Constituição diz que não é só dos governos a responsabilidade, mas o processo educacional também é da família, da sociedade. Devemos cobrar que haja maior apoio para que se evite uma dimensão maior do que as situações de conflito deveriam ter. Imagine o caso da criança ou do jovem que mudou de escola diversas vezes. Ele vai simplesmente desistir e pensar que não se adequa mais em lugar nenhum, a nenhuma instituição. É uma pessoa emocionalmente derrotada. Devemos pensar em formas de melhorar o clima nas relações internas, uma questão anterior à discussão da transferência compulsória.

MOZART NEVES RAMOS É DIRETOR DO INSTITUTO AYRTON SENNA

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