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Análise: Enem mostra que desigualdade persiste

Escolas mais 'bem-sucedidas' são as de maior nível socioeconômico e cujos alunos não estudaram todo o ensino médio na instituição

Por Antônio Augusto Batista e Paula Reis Kasmirski
Atualização:

A origem social, entre outros fatores, é o principal para o sucesso escolar. Até 2013, a simples apresentação dos resultados do Enem tendia a ocultar o efeito das desigualdades sociais e econômicas, transformando-as em um mero ranqueamento de melhores e piores escolas.

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Desde 2014, com as mudanças realizadas no tratamento e divulgação dos dados do Enem, o Inep demonstra como seus resultados não podem traduzir a qualidade do ensino sem considerar outros fatores associados. Agora, temos elementos para interpretar esses indicadores. A conclusão é desalentadora. 

As escolas mais “bem-sucedidas” são as de maior nível socioeconômico e também aquelas cujos alunos não estudaram todo o ensino médio na mesma instituição. Isso evidencia uma perversa prática de seleção de estudantes. 

Outro ponto importante: no 3.º ano do ensino médio, 23,8% dos alunos estão dois ou mais anos acima da idade adequada. Na rede privada, essa distorção é de 5,5%; na pública, alcança 26,8%. Na Região Norte é de 44,7% e na Sudeste, de 16,9%. Os dados mostram o efeito negativo da retenção: escolas com maiores médias são as que têm menor porcentual de alunos com distorção idade-série.

Mas há dados que o Enem não mostra. Ainda temos 1,6 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola de nível médio. O problema é maior. E não é com cortes no orçamento do MEC e campanhas anacrônicas, como Pátria Educadora, que o País reverterá este quadro.

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