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Análise de gráficos ajuda professores na preparação de aulas

Estatísticas detectam pontos fracos dos textos de cada aluno; especialista vê correção mais rígida

Por Victor Vieira
Atualização:
A coesão é sempre um ponto difícil. Às vezes, na tentativa de falar o máximo de coisas, não ocorre um bom encaixe”, diz Amanda Andrade, aluna do ensino médio Foto: Clayton de Souza/Estadão

SÃO PAULO - A análise estatística do desempenho dos alunos é outra receita das escolas para aperfeiçoar a preparação para o Enem. No Colégio Pio XII, no Morumbi, zona sul da capital, os gráficos ajudam no planejamento de aulas. 

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“Fazemos levantamentos estatísticos de todos os simulados”, afirma Alexandre Antonello, coordenador pedagógico da escola. Além de detectar os pontos fracos da turma, o professor consegue dar atendimento mais personalizado. “Com os resultados, ele pode exigir mais nas competências em que o aluno não foi bem.”

A proposta de intervenção social - em que o aluno deve sugerir uma solução concreta para o tema de redação proposto - é um obstáculo. Essa é uma das cinco competências medidas na correção dos textos - as outras são domínio da norma culta, compreensão da proposta, capacidade de organizar informações e de argumentar. 

Na edição 2013 do Enem, última com os microdados disponíveis, a nota média na proposta de intervenção foi quase 40% menor do que nas outras quatro competências. No Pio XII, Antonello percebe dificuldades nessa mesma parte da prova. 

“É difícil sair do senso comum, do que todo mundo diria”, admite Amanda Andrade, de 16 anos, do 2.º ano do ensino médio do Pio XII. Em 2015, ela faz o Enem como treineira pela segunda vez para sentir melhor o momento real da prova. 

O colégio também tenta reproduzir essa tensão. Além de redações feitas em casa, há textos para escrever em classe, com prazo semelhante ao do “dia D”. “O mais difícil é a pressão do tempo”, opina Isabella Dias, de 17 anos, do 3.º ano do ensino médio. Neste semestre, a escola também iniciou aula extra de redação, dada por uma professora com experiência em correção profissional. 

Cobrança. Outra parceria do Pio XII é com o Redação Nota 1000, plataforma online de correção de redações para o Enem. Pelo sistema, os alunos enviam textos, que são avaliados por especialistas. De volta, são enviadas correções comentadas e relatórios de desempenho. O Redação Nota 1000 tem parceria com 170 escolas, mas estudantes também podem comprar pacotes individuais. 

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Para Clayton Dick, fundador da plataforma, a cobrança por propostas de intervenção melhor elaboradas têm sido uma tendência no Enem. “A banca tem exigido mais originalidade e aplicabilidade das ideias. Dizer apenas que é preciso conscientizar sobre um problema já é visto como uma proposta fraca”, aponta. “Essa competência se firmou como um elemento de diferenciação de alunos.” 

A atenção maior a esse requisito, diz, ajuda a explicar a queda de 9,7% na nota média da redação no exame de 2014 em relação a 2013. “Não acho que tenha sido só pelo tema (Publicidade Infantil no Brasil)”, avalia. “Se o aluno não sabe estruturar o texto e defender ideias com clareza, tira nota baixa, sabendo o tema ou não.” 

O Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), responsável pelo Enem, atribuiu a queda nas médias de redação ao tema, que “se revelou menos familiar” aos participantes. Disse ainda que não houve enrijecimento ou mudanças nos critérios de correção. 

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