Análise: Aposta no ensino integral exige adequação de currículo e investimentos

'Um perigo é de a expansão às pressas da rede de ensino integral não ser sustentável no futuro. Outro risco é o de criar educação de qualidade para poucos'

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Por Antonio Augusto Batista
Atualização:

Mais que a ampliação da jornada, a aposta no ensino integral exige adequação de currículo ao público atendido e investimentos em estrutura e formação docente. Estudos sobre o impacto da educação de tempo integral ainda têm resultados inconclusivos, mas indicam que geralmente há ganhos de aprendizagem. Isso depende da boa implementação do modelo.

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Evidentemente, os ganhos de aprendizagem não se devem apenas ao fator tempo. As escolas integrais recebem mais recursos e têm monitoramento melhor e mais assíduo. Também possuem professores mais motivados, com dedicação exclusiva à escola onde atuam, e com maiores salários. Ainda costumam atrair alunos com nível socioeconômico mais alto, cujos recursos culturais propiciam maiores rendimentos na escola. 

O plano do Ministério da Educação para resolver o gargalo do ensino médio passa por aumentar a rede de ensino integral, mas é necessário fazer essa ampliação com critérios pedagógicos e apoio técnico. Os recursos prometidos aos Estados pelo governo federal para a criação dessas novas unidades, por exemplo, não são perenes. Um perigo é de a expansão às pressas não ser sustentável no futuro. Outro risco é o de criar educação de qualidade para poucos. 

* ANTONIO AUGUSTO BATISTA É COORDENADOR DE PESQUISAS DO CENPEC

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