CAMPINAS - A volta às aulas continua tumultuada na Universidade de Campinas (Unicamp), com professores e parte dos estudantes reivindicando a retomada de todas as atividades e outra parte dos alunos, sob orientação do Diretório Central, protestando contra o corte de ponto dos grevistas, determinado pela reitoria. Ontem, manifestantes invadiram reunião do Conselho Universitário (Consu), que analisava as reivindicações de trabalhadores e estudantes.
Os estudantes forçaram a entrada no local. Na sequência, fizeram um protesto no prédio. Por isso, não se chegou a nenhum consenso para terminar a greve.
Quem frequenta o câmpus relata que há hoje na Unicamp um clima de embate dentro da comunidade acadêmica. Alunos mantêm alguns institutos e áreas ocupados, como o Ciclo Básico, enquanto professores têm tentado voltar à normalidade das aulas.
Para evitar confrontos, a Unicamp orientou seus professores a não “insistir nem discutir” e cancelar ou suspender atividades acadêmicas, caso sejam impedidos por grevistas. Trabalhadores e alunos da universidade estão em greve desde maio e fizeram piquetes para evitar que aulas acontecessem.
No primeiro semestre, os professores chegaram a combinar aulas em locais sigilosos para manter o cronograma de atividades e alguns deles chegaram a gravar vídeos para documentar invasões às salas de aula. Os grevistas alegam que todas as suas ações foram aprovadas em assembleias. “Nas dependências onde eventualmente acontecerem manifestações ou constrangimentos, pedimos a compreensão dos docentes para que não haja insistência ou discussão, suspendendo ou cancelando a atividade.”
Queixa. Segundo a administração, a orientação é para que as atividades didáticas sejam reiniciadas com a garantia das “condições adequadas de funcionamento”. “É importante reafirmar enfaticamente o repúdio às situações de enfrentamento que nossa instituição testemunhou recentemente”, disse.
No dia 11 de julho, uma briga entre um professor e alunos terminou na delegacia. O docente de Física Ernesto Kemp tentava aplicar uma prova, e os alunos o impediam de entrar na sala, alegando que o conteúdo da avaliação não foi ensinado - por suspensão das atividades acadêmicas em função da greve. Duas alunas prestaram queixa no distrito policial por lesão corporal. / COLABOROU ISABELA PALHARES