Alunos fazem reforço escolar via YouTube

Com videoaulas de cinco minutos, canais criados por colégios fazem sucesso; alguns já superaram a marca de 1 milhão de visualizações

PUBLICIDADE

Por Barbara Ferreira Santos
Atualização:

SÃO PAULO - Antes restrita a universidades ou a iniciativas individuais de docentes, a criação de páginas de videoaulas no YouTube tem sido cada vez mais adotada por escolas de ensino fundamental e médio de São Paulo. Os canais fazem sucesso: alguns têm mais de 1 milhão de visualizações.

PUBLICIDADE

Duas escolas - o Colégio Bandeirantes, na zona sul da capital, e o Colégio Poliedro, em São José dos Campos - passaram a investir no estudo da linguagem audiovisual para produzir materiais que despertem o interesse. 

A versão virtual da aula é bem mais curta do que a convencional: tem duração média de 5 minutos. O material serve como reforço para estudantes das instituições e também como fonte de estudo para jovens de todo o País que buscam aulas com credibilidade entre as ofertas da internet.

Uma caravana de um mês levará um estúdio móvel customizado por escolas em cidades de São Paulo e Rio de Janeiro para ensinar professores a operar, gravar, editar e produzir conteúdo educativo audiovisual para internet. Foto: Werther Santana/Estadão

"É uma oportunidade para quem não tem condições de pagar escolas particulares, como eu, saber como elas ensinam", afirma a estudante Michele Braganti, de 16 anos, que está no 2.º ano do ensino médio de uma escola pública de Sorocaba, no interior, e se prepara há quase dois anos para o vestibular de Medicina com as videoaulas. Um dos canais de escolas que mais fazem sucesso é o do Poliedro. Criado há 15 meses no YouTube, ele já alcançou mais de 1 milhão de visualizações. João Luís de Almeida Machado, supervisor pedagógico de mídias digitais do sistema de ensino Poliedro, explica que os professores tiveram de adaptar a linguagem das aulas. "Por mais que o professor esteja acostumado com salas grandes, na gravação é preciso foco total no conteúdo e a linguagem tem de ser próxima à do aluno."  Segundo Machado, a criação dos vídeos é feita com base no material do colégio e no conteúdo em que os alunos tiveram os piores resultados nas provas.  Na página do Poliedro, os vídeos de maior sucesso são os de Sociologia e Filosofia. "As duas disciplinas passaram a ser obrigatórias no ensino médio em 2008. Há muitas escolas que não têm estrutura para essas matérias e, como o conteúdo já está sendo cobrado no vestibular, a procura é grande", explica o professor de Sociologia do colégio, Daniel Gomes, recordista de visualizações no canal da instituição - são quase 170 mil visualizações em seus quatro vídeos mais populares. Exercícios. Já a página do YouTube do Colégio Bandeirantes tem vídeos institucionais e aulas. O foco hoje é a resolução de exercícios, principalmente de Matemática. Mas a ideia é que os docentes produzam mais videoaulas. Para que eles se ambientem à linguagem audiovisual e aprendam a editar o material, a escola está promovendo palestras, como a da Academia Youtube Edu, feita pela plataforma e pela Fundação Lemann, e que leva um estúdio móvel ao colégio. "Queremos ampliar o projeto, então estamos aprendendo quais formatos atraem os alunos. Se o vídeo fica monótono, eles fogem", diz Mario Abbondat, coordenador de tecnologia educacional do colégio. Tanto especialistas em educação quanto professores são unânimes: as videoaulas são complementos das matérias e não substituem a figura do professor e da aula presencial. Para Andreia Inamorato, especialista em tecnologias educacionais, as escolas que postam suas aulas na Web melhoram a qualidade das aulas. "A reputação da escola e do professor estão em jogo. É um excelente exercício de melhoria de qualidade, pois uma escola aprende com a outra." Já Priscila Gonsales, diretora executiva do Instituto Educadigital, afirma que além de postar as aulas gratuitas, é preciso que haja licença aberta de conteúdo para reprodução e modificação. "Grátis não significa aberto. Outros professores tem de poder baixar os vídeos, adaptá-los de acordo com as suas necessidades."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.