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Alunos fazem ioga e até hipnose em busca de calma no vestibular

Candidatos apostam em exercícios para garantir autocontrole na hora da prova; capacidade de relaxar deve ser aprendida

Por Julia Marques
Atualização:
No Cursinho da Poli, alunos participam de sessões de ioga e meditação Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Na véspera das principais provas de vestibular, no fim do ano, o que não faltam são conselhos de pais, amigos e professores para relaxar. A habilidade de ficar tranquilo diante dos exames, no entanto, não é adquirida da noite para o dia, de acordo com especialistas. Para conseguir a calma necessária na hora H, a recomendação é começar a exercitar o autocontrole agora.

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Ao longo do ano, até as provas, a tensão dos candidatos aumenta a cada dia, mas é comum que eles só percebam a ansiedade acumulada no momento do exame, quando já é tarde. Para que os estudantes tenham a oportunidade de relaxar e ganhar autoconfiança, o Cursinho da Poli realiza, desde o início do período letivo, atividades como ioga e oficinas culturais, com música e poesia.

Ansioso com os testes, Alan Zandelli, de 18 anos, aproveitou o momento para aprender a controlar o nervosismo. “A ioga acabou me ‘desestressando’. Fiz só uma vez, mas foi suficiente para me acalmar para o simulado dias depois”, conta o aluno, que está no segundo ano de cursinho para tentar Biologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Com dificuldades de concentração, o estudante conta que a atividade ainda o ajudou a manter o foco nos estudos. “Me senti muito mais concentrado depois da ioga.” Zandelli também fez uma apresentação musical para os colegas em um sarau no cursinho. “Melhora a autoestima e a relação consigo mesmo e com os outros.” 

O cursinho pode ajudar a descobrir caminhos para o autocontrole, mas, segundo os especialistas, o aluno tem de ser capaz de colocar as técnicas em prática quando estiver sozinho em casa e, principalmente, na hora da prova. “Temos exercícios de respiração e técnicas para ajudar na concentração. A gente orienta que os alunos façam as atividades todos os dias”, explica Monica Neisser, que coordena, no Poliedro, um grupo de apoio com foco no controle emocional dos candidatos.

Exercícios de respiração ajudam a manter a tranquilidade em situações desafiadoras Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Estratégia. Veterana de vestibulares, Letícia Pereira, de 20 anos, não se arrepende de ter tirado uma hora por semana para participar do grupo. “Tem gente que vê como uma perda de tempo, mas você ganha em qualidade no momento da prova. É uma hora estratégica”, conta ela, que foi aprovada em Medicina na Universidade de São Paulo (USP) no início deste ano. 

A decisão de se envolver com os exercícios veio após tentativas frustradas no vestibular, em meio a muito nervosismo. No ano passado, Letícia também não abriu mão de meia hora de corrida e, nos exames, enquanto todos estavam apressados para ver as questões, ela fechava os olhos e respirava fundo por alguns minutos. “Até sentir que o coração tinha desacelerado.” 

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O caminho para encontrar o eixo é individual, e cada aluno deve descobrir o que o faz se sentir mais tranquilo. Mas o cuidado com o corpo e a mente não pode ser desprezado. “A aprovação no vestibular se sustenta em dois pilares: o conhecimento e o equilíbrio físico e emocional”, defende a coordenadora do grupo de apoio do Poliedro.

Candidatos buscam até hipnose

Atrás de se desfazer do medo do vestibular, Catherine Rodrigues, de 22 anos, foi ainda mais longe. Ou mais perto. Procurou a hipnose e descobriu que o bloqueio que sentia para estudar tinha relação com um episódio desagradável gravado no inconsciente.  “Durante a sessão, comecei a chorar. Estava revivendo o momento de verdade. No meu inconsciente, essa fase negativa foi reprogramada”, conta a estudante.

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“A ideia é buscar a causa do problema no passado. Em 90% das vezes, o motivo é algo ligado à autoestima da pessoa. O inconsciente ‘aprende’ que aquilo (vestibular) não é para ela”, explica o hipnoterapeuta Alessandro Baitello, presidente da Rede Clínica da Hipnose. Concurseiros e pré-vestibulandos já correspondem a 19% dos pacientes que procuram a clínica. 

No caso de Catherine, a sessão ainda não significou a aprovação, mas ajudou a tranquilizá-la para os próximos desafios. “Percebi que fiquei mais autoconfiante e isso se refletiu no vestibular. Muita gente já me falou que agora estou mais imponente e me ‘coloco’ mais nas situações.”