Alunos e servidores da USP fazem ato contra demissão voluntária

Manifestantes fizeram passeata na Avenida Paulista e seguem para a reunião do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Atualizado às 15h26
SÃO PAULO - Alunos, professores e servidores da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram um ato que se concentrava desde as 10h desta quarta-feira, 3, em frente à Faculdade da Educação (Feusp), na Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste da capital paulista. Segundo a Polícia Militar, cerca de 500 pessoas participam da manifestação contra o Plano de Demissão Voluntária (PDV) anunciado nesta terça-feira, 2, pelo Conselho Universitário da USP, estratégia que busca reequilibrar o orçamento da instituição. Há também protestos contra a desvinculação do Hospital Universitário (HU).
Os manifestantes seguiram a pé para o Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, região central, onde chegaram por volta das 13h e encontraram estudantes e funcionários das outras duas universidades estaduais de São Paulo, Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além de alunos do câmpus de Ribeirão Preto da USP. A greve dessas instituições atingiu 100 dias de duração.

Grupo protesta contra Plano de Demissão Voluntária, anunciado nesta terça-feira, 2, pelo Conselho Universitário da USP Foto: Felipe Rau/Estadão

Durante o ato, os manifestantes ocuparam todas as faixas da Avenida Rebouças, sentido centro. A PM acompanhou a passeata com viaturas e motocicletas.
"O problema não é só salarial, é um processo de desmonte da universidade", criticou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho, que considerou que o plano levará a universidade ao "caos". 
Sobre os mais de três meses de paralisação, o diretor do sindicato considerou que não houve nenhum diálogo por parte do reitor Marco Antonio Zago. "Sem dúvida, a USP é prejudicada pela greve, mas nós estamos lutando contra o sucateamento da universidade", disse.
Os manifestantes seguiram, à tarde, para uma reunião do Conselho de Reitores da USP, da Unicamp e da Unesp (Cruesp) e com o Fórum das Seis, que agrupa os sindicatos de professores e servidores, que vai avaliar o reajuste de 5,2% aprovado pelo conselho e o PDV. A reunião está prevista para as 16 horas . Por volta das 15h, a Tropa de Choque já fazia um cordão que bloqueava a entrada do edifício Itapeva, onde ocorrerá o encontro.
O professor e coordenador do Fórum das Seis, Cesar Minto, afirmou que o fim da greve vai depender do que for dito na reunião entre os reitores das universidades. Ele disse ter visto com "preocupação" a proposta de demissão voluntária oferecida nesta terça pelo Conselho Universitário. "É inaceitável que propostas dessa monta não sejam discutidas com calma", afirmou.
O reajuste também será avaliado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). "O tribunal tem dito que pelo menos a inflação do ano retroativa a maio (data base da categoria) tem que ser dada. Se os desembargadores forem coerentes, deverão dar a inflação", argumentou Carvalho, que disse que o reajuste dado pelo conselho não atinge o aumento dos preços no período. 
O diretor do Sintusp afirmou que o TRT decidiu antecipar para esta quinta-feira, 4, a reunião que vai julgar a legalidade da greve dos servidores da USP. Inicialmente, o encontro ocorreria na próxima sexta-feira, 5. 
A servidora Rita Donnangelo, de 49 anos,esteve na Feusp desde o início da concentração e afirmou que vai marchar. "Achei as decisões (do conselho) horríveis. Abre brecha para fazer o desmonte da universidade", criticou, vestida de palhaço com uma peruca e um nariz vermelho de plástico.
Entre os cartazes, havia textos como "Zago, o reitor do diálogo...com o governador" e "100 dias, 100 negociação, 100 respeito, 100 arrego".