Alunos e PMs entram em confronto na frente de escola ocupada; professor é preso

Policiais jogaram spray de pimenta em duas jovens; Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo informou que ingressará com pedido de desocupação do prédio da escola

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Por Isabela Palhares
Atualização:

Atualizado às 17h49

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SÃO PAULO - A Polícia Militar jogou, na manhã desta quarta-feira, 11, spray de pimenta em duas adolescentes que protestam na Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, e prendeu um professor. A escola está ocupada desde a manhã desta terça-feira, 10, em ato contra a reestruturação na rede de ensino promovida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). Os estudantes criticam o fato de não terem sido ouvidos.

O professor de Geografia José Roberto Guido, diretor da Apeoesp, o principal sindicato da rede, foi detido após confusão com a PM. Ele é acusado de desacato. Alguns alunos negociavam com policiais a saída da escola e Guido teria dito aos policiais para que não pegassem os dados dos alunos,como nome e RG. Neste momento, um policial deteve o professor e o agrediu com cacetete. Os manifestantes correram para acudir o professor e gritavam "sem violência" para os policiais.O professor foi levado para o 14º DP.

De acordo com o delegado titular Roberto Kraesovic, essa é a primeira ocorrência registrada relacionada a ocupação.

A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo informou que ingressará no início da tarde desta quarta-feira com um pedido de desocupação do prédio da escola na Justiça. O ouvidor-adjunto das Polícias Valter Fosters conversou com os estudantes que continuam dentro da escola. Ele disse que os alunos fizeram uma proposta para deixar o prédio. No entanto, afirmou que, para não atrapalhar as negociações, não poderia comentar os termos apresentados pelos estudantes. 

Estudante ficou caída e foi socorrida por colega Foto: Luiz Cláudio Barbosa/Código19

Na terça-feira, 10, já havia tido confusão, quando a PM tentou deter duas adolescentes que deixaram a escola. Policiais bateram em jornalistas e manifestantes com cassetetes.

Toda a Escola Estadual Fernão Dias Paes permanece cercada por policiais, que vigiam as grades para impedir que os alunos recebam alimentos e água de fora Foto: Hélvio Romero/Estadão

Desde as 20h de terça-feira, o protesto foi reforçado por integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Eles passaram a noite na frente da escola.

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Todo o colégio permanece cercado por policiais, que vigiam as grades para impedir que os alunos recebam alimentos e água de fora. Nesta terça-feira,a água havia sido cortada no prédio, mas foi restabelecida.

Do lado de fora da escola, estão reunidas cerca de 400 pessoas entre alunos da rede estadual paulista e integrantes de movimentos sociais.

Aluna da Fernão Dias Paes, Sandy Rodrigues, de 15 anos, foi uma das duas adolescentes atingida pelo spray de pimenta dos policiais. "Nós recebemos a informação de que estavam jogando bombas de gás lacrimogêneo dentro da escola, quando fomos até o local os policiais nos cercaram, nos encurralaram e nos agrediram", disse a jovem. 

Na tarde desta quarta, seis alunos deixaram a escola. Para que possam ser liberados, os alunos precisam apresentar o RG para os policiais. De acordo com a polícia, ainda há cerca de 20 jovens dentro do prédio. 

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Lays, de 16 anos, foi uma das que deixou o prédio durante a tarde e disse que saiu porque estava muito cansada. "Não concordo com a reorganização e nem com a forma com que a polícia está lidando com a gente, mas estou muito cansada e não conseguia ficar mais tempo lá". Ela não quis dizer o nome completo.

De acordo com Cibele Marsolla, capitão da Polícia Militar, a corporação assumiu o controle da escola, por isso tem feito o controle dos alunos que saem. "Hoje não é um dia de funcionamento normal da escola. Por isso, precisamos saber a identificação de cada um deles e saber se estão bem, se não foram machucados, violentados dentro da escola. Repassamos todas essas informações para o Conselho Tutelar", disse.

No entanto, a identificação também pode servir para responsabilizar os estudantes e seus pais por possíveis danos no prédio. 

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