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Alunos de supletivo têm pior desempenho no Enem

Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério da Educação decidiu divulgar, pela primeira vez, os resultados por escola e por município do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). A análise dos dados na capital paulista revela que as dez melhores escolas públicas oferecem ensino técnico. E, nas dez piores, os alunos que fizeram o exame eram estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), o antigo supletivo. O MEC não quis divulgar um ranking das escolas, nem para o País nem por Estado. Os dados são apresentados por município, em ordem alfabética. No site do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) é possível ver o resultado de cada escola. "O MEC não está comparando, mas dando um guia para verificar as escolas. Não temos o objetivo de apurar responsabilidades, mas esses dados podem ajudar a identificar práticas inovadoras e ajudar a comunidade a se envolver na busca da qualidade", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad. O Enem é um exame realizado pelo MEC para concluintes do ensino médio. Ele não é obrigatório, mas teve um recorde de quase 3 milhões de participantes em 2005. Sua nota é aproveitada em vestibulares e no programa de bolsas do governo federal, o ProUni. A escola cujos alunos obtiveram a maior pontuação na cidade de São Paulo, entre particulares e públicas, foi o Colégio Vértice, que fica no Campo Belo e abriu seu ensino médio em 1988. "O conteúdo é apenas uma parte do nosso projeto. Ensinamos a administrar as diferenças, discutir, fazer opções", diz o diretor Victor Koloszuk. Além das aulas no período da manhã, os alunos do 3º ano do ensino médio podem optar, à tarde, por disciplinas como filosofia, artes e projetos interdisciplinares. A escola, que tem 700 alunos e até então era pouco conhecida dos paulistanos se saiu melhor que colégios como Bandeirantes, Palmares e Santa Cruz. Laboratórios Entre as públicas, a que teve melhor pontuação foi o Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (Cefet), mantido pelo MEC. Uma das razões que fazem com que os colégios técnicos estejam entre os melhores na cidade é que há seleção dos alunos, diferentemente do que ocorre na rede pública convencional. No Cefet, por exemplo, foram mais de 16 candidatos por vaga no último vestibular. Além disso, segundo o diretor de ensino do Cefet São Paulo, Carlos Frajuca, outro diferencial são os laboratórios. "O aluno vê a aplicação das ciências exatas", diz. Para o ex-diretor do Centro Paula Souza (que administra as escolas técnicas estaduais) e atual presidente do Conselho Estadual de Educação, Marcos Monteiro, os laboratórios também facilitam atividades interdisciplinares, ideais para a formação mais ampla do estudante. "O resultado do Enem solidifica a idéia de que o ensino público tem boas experiências, mas é preciso muito investimento para que ele se amplie." O custo por aluno no Cefet é de R$ 4.200 por ano. Nas escolas técnicas estaduais, de R$ 1.800. No ensino médio comum, de cerca de R$ 1.000. Os dados de São Paulo permitem verificar que em algumas escolas públicas os estudantes por pouco conseguiram alcançar um terço de acertos na prova, somando-se a média da parte objetiva com a da redação. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, entre as escolas que tiveram pior desempenho no Enem, muitas têm apenas alunos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), o antigo supletivo. "O perfil do aluno do EJA não é o perfil de quem quer fazer faculdade. Apenas os mais jovens, às vezes, tentam. Mas mesmo assim estão em desvantagem. Tem mais de 35 anos e pararam de estudar mais de uma vez, por causa do trabalho e da família", explica Marília Santos Carvalho de Polillo, dirigente regional de ensino da região leste. Lá fica a pior colocada entre as instituições estaduais públicas, a Escola Estadual Professora Rosarita Torkomian, em Guaianazes. Segundo ela, dos 393 alunos que cursam o EJA no período noturno da escola, 122 se inscreveram no Enem. Nas particulares paulistanas, no entanto, os resultados também não são bons. Em média, os estudantes das que estão entre as piores conseguiram cerca de 40 pontos de acerto. Apesar de melhores do que muitas escolas públicas, ficam muito abaixo das escolas do Estado que aparecem em primeiro lugar. O que teve piores notas entre as particulares foi o Colégio Meritum, no Morumbi, que não quis comentar os resultados da avaliação.

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