A USP vai abrir um processo administrativo para investigar o comportamento de estudantes do câmpus de São Carlos que ficaram pelados e fizeram gestos obscenos para um grupo de feministas durante um trote na terça-feira, 26 de fevereiro.
O grupo protestava contra a realização do "Miss Bixete" - espécie de concurso de beleza em que calouras têm de desfilar para veteranos. Com música, cartazes e gritos de guerra, a Frente Feminista de São Carlos queria alertar as novas alunas de que não precisavam participar daquele tipo de trote - visto como machista.
Em resposta, alguns veteranos começaram a xingar o grupo e pelo menos dois rapazes chegaram a tirar a roupa e simular sexo com uma boneca inflável.
O "Miss Bixete" é organizado por um grupo autônomo de estudantes no espaço do Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (CAASO). Em nota publicada há quatro anos no site da entidade já havia críticas ao evento. "Expor as calouras como 'carnes novas' aos veteranos e submetê-las às brincadeiras pejorativas é, na verdade, reduzir a mulher a um mero objeto de consumo", afirmou a direção do CAASO.
A direção da USP São Carlos disse, em nota, que é "veementemente contra qualquer ação que cause constrangimento". Afirmou que as atividades não fazem parte da programação da semana de recepção dos calouros. A universidade tem um "disque-trote" (0800-0121090) para receber denúncias de situações de tratamento inadequado.