Alunos da USP mantêm greve em assembleia no Salão Nobre da SanFran

Proposta foi apoiada por aclamação; uso de espaço foi considerado 'vitória' pelo DCE

PUBLICIDADE

Por Carlos Lordelo
Atualização:

   A greve dos estudantes da USP continua. A proposta foi aprovada por aclamação em assembleia encerrada às 23h10 no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

PUBLICIDADE

Apesar da baixa adesão à paralisação na universidade, os estudantes decidiram mantê-la até nova assembleia, marcada para quinta-feira, às 18 horas, no prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Na véspera, os alunos pretendem fazer um ato diante da reitoria. Prometem levar uma carta de renúncia para ser assinada pelo reitor, João Grandino Rodas.

Na votação, os grevistas adotaram como um dos lemas do movimento o slogan “Fora PM de toda a sociedade” e decidiram lutar pela destinação de 10% do PIB para a educação pública. Também aprovaram o uso de bandeiras com símbolos de partidos políticos nas suas manifestações e apoiaram uma moção de apoio à greve na Universidade Federal de Rondônia.

Duas propostas foram rejeitadas: as de realizar cadeiraços (bloquear acessos de faculdades com carteiras empilhadas) e de fazer um abraço coletivo ao Conjunto Residencial da USP (Crusp) na segunda-feira.

“Presos políticos”

Os chamados “presos políticos”, estudantes detidos na operação da PM que desocupou a reitoria na terça-feira, foram os personagens principais da assembleia. Uma garota levada ao 91.º Distrito disse aos colegas que a polícia inicialmente queria apenas fazer um termo circunstanciado e liberar os alunos. “Aí veio ordem do governador Alckmin para imputar a maior quantidade de crimes possíveis.”Outra estudante, identificada como Rose, disse que foi vitima de tortura e teve de segurar o choro. “Rodas não é persona non grata: ele não é uma pessoa. Assim como não são aqueles policiais”, disse, referindo-se à decisão de 29 de setembro da congregação da SanFran, órgão máximo da unidade, que declarou o reitor persona non grata na faculdade.

Diretor

Publicidade

A realização do encontro no salão, autorizada pelo diretor da SanFran, Antonio Magalhães Gomes Filho, foi considerada uma “vitória” do movimento pelo Diretório Central dos Estudantes. Magalhães disse ter atendido a pedido do Centro Acadêmico 11 de Agosto.

O diretor brincou quando a reportagem perguntou se a decisão não causariam problemas. “Problema tem, sim. Eles vão passar muito calor.” Talvez por isso, alguns estudantes entraram com latas e garrafas de cerveja no salão, que recebeu mais de 700 pessoas. 

Passeata

A assembleia foi realizada após uma passeata que durou duas horas para exigir a saída da PM do câmpus. Eles saíram do Largo São Francisco, contornaram a Praça da Sé, passaram pelo Pátio do Colégio, pela Rua Líbero Badaró, pela Avenida São Luís e pelo Viaduto do Chá. Na volta ao largo, ergueram na sacada do prédio da SanFran uma faixa que dizia: “Rodas: o saber não aceita polícia”.

PUBLICIDADE

Os organizadores afirmaram que a manifestação atraiu até 5 mil pessoas em alguns trechos do trajeto. “Queremos fazer um ato para dialogar com a sociedade. Há questões internas da USP que extrapolam os muros da universidade”, disse Thiago Aguiar, presidente do DCE.

Escolta

Curiosamente, cerca de 100 PMs fecharam ruas para a passeata que exigia a saída da PM do câmpus. Além do apoio da PM, a manifestação teve uma espécie “escolta invertida”: um grupo de cerca de 50 motoboys, irritados por ter se seguir lentamente atrás dos estudantes. Eles buzinaram muito, pedindo passagem, e tiveram de ser monitorados por um fiscal da Companhia de Engenharia de Tráfego. “Tem que descer o pau mesmo, mano”, disse um motoboy, referindo-se à desocupação da reitoria pela PM.

Publicidade

* Texto atualizado às 0h40

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.