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Alfabetização: especialista fala sobre os desafios de aprender a ler e a escrever longe da escola

Adaptação para o ambiente virtual e contato próximo com as famílias são pontos essenciais para ajudar crianças no início da vida escolar durante a pandemia

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Por Colégio Franciscano Pio XII
Atualização:
4 min de leitura
Renata Weffort,especialista em Educação Infantil e coordenadora pedagógica e a jornalista Fernanda Sampaio 

Pensar em alfabetização muitas vezes remete a um momento quase mágico da infância, em que rabiscos se tornam palavras, depois frases e textos legíveis. No cenário atual, contudo, essa memória do conhecimento conquistado com lápis e papel tem dado lugar a uma cultura de escrita mediada por monitores, teclados e telas touch screen, aspectos acelerados pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo Renata Weffort, especialista em Educação Infantil e coordenadora pedagógica dessa etapa de ensino no Colégio Franciscano Pio XII, o uso de tecnologias digitais na fase da alfabetização não é uma novidade em si, pois antes do isolamento social as crianças já usavam esses recursos. A questão mais complexa deste ano, explica, foi o distanciamento e a adaptação de atividades originalmente pensadas para o ambiente presencial.

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“A tecnologia se tornou um meio para dissolver essa fronteira entre a escola e a casa das crianças, mas o que impacta não é seu uso em si e sim esse distanciamento que nos foi imposto, pois o uso da tecnologia na educação é uma lição de casa não apenas escolar, mas de todos no Século 21”, destacou Weffort durante entrevista ao Estadão, transmitida pelo YouTube e redes sociais (veja o vídeo no fim da matéria).

Ainda de acordo com a especialista, se há pontos desafiadores, há também aspectos positivos nessa trajetória. “Em um primeiro momento, foi novo para todos, mas agora observamos as crianças mais adaptadas. Elas já tentam escrever o próprio nome na tela, escrevem no chat, levantam a mão para falar usando ícones, enfim, elas se tornaram usuárias desse recurso que é o computador, meio encontrado para manter o contato com elas sem perder o acolhimento e o cuidado”, conta.

Prática online

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No Pio XII, fundado em 1954 e reconhecido por ser um dos colégios mais tradicionais da capital, as atividades deste ano englobaram distintos formatos e recursos digitais, como aulas online, momentos para atendimentos individuais, grupos de apoio e palestras simultâneas para mais de uma turma, tudo planejado para manter a metodologia já utilizada pela instituição. “A forma que nós achamos adequado alfabetizar não mudou. O que muda é o meio”, explica Weffort.

Um exemplo nesse sentido foram as atividades envolvendo trava-línguas, pequenos textos utilizados para trabalhar a oralidade e a leitura. “Quando esse projeto é feito presencialmente, há um estímulo para as crianças recitarem o texto na sala ao lado ou para o colega. No ambiente virtual, as famílias mandaram vídeos das crianças exercitando os mesmos trava-línguas que usaríamos em sala. E mais: elas capricharam na edição, se fantasiaram, usaram toda a imaginação e a criatividade”.

A educadora credita o engajamento de alunos e famílias a um conjunto de ações tomadas pelo colégio para manter o estímulo adequado durante o distanciamento, envolvendo envio de atividades em diferentes plataformas e pesquisas semanais aos pais, que puderam refletir e propor mudanças quando necessário. “No decorrer desse processo, muitos ajustes foram feitos, tanto no que diz respeito à comunicação quanto no que concerne a formato, mas todos os arranjos foram planejados para acompanhar o percurso da criança”, explica.

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Apoio familiar

Por estarem distantes dos professores e colegas, as crianças em fase de alfabetização este ano precisaram de apoio extra dos adultos para entrar no mundo letrado. Segundo Weffort, esse suporte é fundamental, tanto no que diz respeito às habilidades de leitura e escrita quanto a aspectos de autonomia. “As famílias têm sido magníficas nessa ajuda, desde organizar todo o material ao espaço de estudo. Hoje, as crianças estão cada vez mais autônomas e já observamos situações em que os adultos voltaram a trabalhar e elas conseguem acompanhar as aulas”.

Para além das atividades escolares, a especialista destaca o apoio familiar em ações relacionadas ao uso social da leitura e da escrita. “As famílias podem ajudar nesse contato desde contar uma história para dormir até pedir ajuda para escrever a lista de supermercado. As crianças se sentem fortalecidas ao participar da rotina da casa”.

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A coordenadora pedagógica diz também que os pais podem incluir na rotina atividades para estimular a fala e a escuta, como conversas, brincadeiras cantadas, cantigas e versos rimados, que colaboram e intensificam o contato e a reflexão da criança sobre como a língua se organiza. “A escrita é fundamental, mas todas as práticas e modalidades que a circunscrevem são importantes também. Às vezes, uma boa brincadeira vale mais do que sentar a criança para aprender algo sistematizado”, ressalta.

Nesse sentido, ela destaca a importância de buscar atividades longe das telas, visto que as crianças têm passado horas seguidas acompanhando aulas e conteúdos virtuais. “Eu arrisco dizer que a gente tem mudado um pouco esse olhar em relação aos dispositivos tecnológicos, porque, na pandemia, eles aproximaram. Mas há uma preocupação de a criança estar exposta por muito tempo a um dispositivo tecnológico”, pondera. Para romper esse fluxo, o Pio XII tem oferecido aos pais e responsáveis sugestões de atividades livre, como yoga em família e outras que estimulam as linguagens corporal e artística no dia a dia.

Expectativas para 2021

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Após os acontecimentos deste ano, a expectativa para o próximo período letivo é grande e Weffort diz que a escola já tem olhado para as possibilidades que 2021 apresenta. “Temos refletido para além dos protocolos de segurança, pois essa questão já está garantida. Nosso olhar agora está em acolher a criança, desde o retorno para o espaço escolar até para a transição de um ano para o outro, porque entendemos a preocupação das famílias com um ano inteiro a distância. Para nós, o mais importante é como receber esse ser humano que vai voltar para a escola”.

Para atender essas demandas, o Pio XII pretende manter o trabalho de orientação educacional e acompanhamento, visando dar segurança aos pais. “Para nós, é uma continuidade daquilo que já está acontecendo”, conclui Weffort.

Veja o vídeo da entrevista

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