Alckmin conversa com alunos que ocupam Etec

Encontro aconteceu em visita informal a Paraisópolis; governador teria prometido melhorias. 20 prédios estão tomados

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Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Com o aumento de escolas ocupadas por estudantes que reivindicam melhorias na merenda e na estrutura das unidades, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) estuda novas estratégias para desocupar os imóveis. No domingo, o governador até conversou com alunos que ocupam a Escola Técnica (Etec) Abdias Nascimento, em Paraisópolis, zona sul de São Paulo. 

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No início da tarde de domingo, Alckmin foi a Paraisópolis – segundo o Palácio dos Bandeirantes, essas visitas informais ocorrem há cinco anos. Enquanto tomava café com moradores, o líder comunitário Gilson Rodrigues levou para o encontro estudantes que ocupam a Etec. 

Segundo Rodrigues, o governador ouviu as reivindicações dos alunos e disse que faria melhorias na unidade após a desocupação. Até esta segunda-feira, 9, os alunos permaneciam na escola.

“As reivindicações feitas pelo grupo de estudantes são pontuais, não justificam a invasão e serão levadas para avaliação do Centro Paula Souza”, disse em nota o Palácio dos Bandeirantes. O governador não entrou na escola e conversou com os alunos em uma padaria.

Nas redes sociais, os alunos da Etec disseram que, além da reivindicação por merenda, a ocupação também é por “direito a coisas básicas” que o Estado deveria proporcionar. Segundo eles, a escola está sem manutenção e tem salas e quadra de esportes com vidros quebrados e um banheiro sem forro. 

Também disseram que os laboratórios de Química, Física e Biologia estão fechados e nunca foram usados. Além disso, disseram que nem todos os alunos receberam os livros didáticos e eles têm de dividir o material. 

Em nota, o CPS informou que a unidade solicitou os livros ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), mas disse que o “atendimento à demanda nem sempre é ágil e algumas turmas recebem número menor de livros que o solicitado”. E informou que os laboratórios estão equipados e liberados, mas não disse por que não são usados. Relatou ainda que, para os problemas de manutenção, a escola foi incluída no Plano Plurianual de Gestão, que já vem sendo executado na unidade.

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Movimento. Na sexta, os estudantes mantinham ocupações em 16 unidades (12 Etecs, 2 escolas estaduais e 2 diretorias regionais – Centro-Oeste, na capital, e em Guarulhos). Nesta segunda, já eram 20 unidades ocupadas (15 Etecs, 3 escolas estaduais e as 2 diretorias). Para hoje, os alunos marcaram um ato no Parque da Luz, região central de São Paulo, e prometem novas invasões nos próximos dias. 

Os estudantes defendem que tiveram uma vitória parcial com o anúncio do governo de que vai oferecer almoço para 20 mil alunos que estudam em período integral em 65 Etecs. “Precisamos pressionar o governo para ter certeza de que manterão a promessa, além de lutar para ampliar o direito de almoçar para todos os alunos das Etecs e resolver o problema da merenda nas estaduais”, afirmaram os alunos nas redes sociais.

Na tentativa de desocupar as unidades, o Centro Paula Souza (CPS), responsável pelos colégios técnicos, informou que os diretores estão negociando diretamente com os estudantes. Segundo a assessoria do centro, a ocupação das 15 Etecs deixa 17 mil alunos sem aula.

Apesar da tentativa de negociação, o centro informou ainda que já encaminhou à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) todos os documentos necessários para que sejam feitos os pedidos de reintegração de posse dos prédios. A PGE disse que, até o fim da tarde desta segunda, não havia entrado com nenhum pedido e o ingresso da ação ainda estava em estudo.