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Aguiar, um mestre em abrir faculdades sem autorização

Dono da Faculdades Leonel Aguiar abriu "universidade" no ano passado e deixou alunos no prejuízo

Por Agencia Estado
Atualização:

O radialista, jornalista, teólogo e professor Leonel Aguiar parece ser um especialista em abrir faculdades em São Paulo sem a autorização do Ministério da Educação. Ele é o proprietário da Faculdades Leonel Aguiar, que fica em Santo Amaro, zona sul da capital, e funciona clandestinamente desde a semana passada. No ano passado, era dono de outra faculdade, a Universidade Federal Livre de São Paulo (Unifeli), que seguia o mesmo esquema: não tinha a autorização do MEC, cobrava mensalidades de meio salário mínimo e ministrava aulas apenas duas vezes por semana. Alunos enganados Segundo alunos, os professores deixaram de aparecer nas aulas e os cursos foram acabando. A assistente Elisabeth Silva, de 50 anos, é uma das estudantes que se sentem enganadas. Em agosto do ano passado, ela entrou no curso de administração e freqüentava as aulas todos os sábados. "Até o fim do ano, foi tudo bem, mas no começo deste, meu curso passou a existir apenas durante a semana, quando eu não podia cursar", conta. "Eu já tinha pago a matrícula e a primeira mensalidade e, além desse dinheiro, perdi tudo o que investi em seis meses." Entrada proibida Ela afirma que a explicação da universidade para o fim do curso aos sábados foi falta de professores. "Mas sei que houve algum problema grave por trás porque o professor Leonel foi até proibido de entrar na faculdade", diz. "Tenho certeza que ele só queria o nosso dinheiro e acho que os alunos dessa nova faculdade correm o mesmo risco." O mecânico Milton, de 40 anos, que pediu para seu sobrenome não ser divulgado, tem a mesma opinião: "Ele só quer lucrar. Fica abrindo faculdade que não é autorizada pelo MEC e nem avisa os alunos". Aprendendo nada No começo de 2002, ele entrou em jornalismo. "Tinha aula duas vezes por semana e, no início, ia tudo bem. Mas logo os professores começaram a faltar até que, no terceiro mês, desisti. Não estava aprendendo nada." Milton diz que a Unifeli funcionava na Rua Quintino Bocaiúva, no Centro, sem estrutura para os 700 alunos. "Só tinha um banheiro para homens e mulheres e uma lousa minúscula", lembra. "Achei um horror mas era a única faculdade que podia pagar." Até hoje, ele tem os panfletos da universidade. Processo por estelionato Leonel Aguiar responde a processo por estelionato e crime trabalhista na 23.ª Vara Criminal da capital. A denúncia foi recebida em agosto do ano passado. Na última quarta-feira, por telefone, Aguiar afirmou não saber do que se trata o processo e explicou que não tinha autorização para a Unifeli porque na época da sua abertura, em 2001, o credenciamento de novas instituições estava suspenso. "Em agosto de 2002 entrei com o pedido de regularização no MEC", diz. "Mas no começo desse ano um grupo de pessoas de dentro da instituição resolveu me colocar para fora da universidade e não pude mais entrar. Não sei porque fizeram isso, mas fiquei decepcionado."

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