'A escola tem de estar à disposição dos que mais precisam', diz secretário de Educação de SP

Em entrevista ao Estadão, Rossieli Soares afirma que pretende manter a educação funcionando mesmo na fase vermelha

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Por Renata Cafardo e Victor Vieira
Atualização:

O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, vai defender nesta quarta-feira, 3, em reunião com integrantes do governo e do Centro de Contingência para a Covid-19, que as escolas permaneçam abertas durante a fase vermelha, a mais restritiva do plano de flexibilização. Segundo o Estadão apurou, sua posição deve prevalecer no grupo e tem o apoio do governador João Doria (PSDB). Em entrevista exclusiva, ele detalha como devem ficar o ensino público e particular nas próximas semanas. “A escola tem de estar à disposição dos que mais precisam. Seja do ponto de vista da dificuldade de aprendizagem, deficiência, vulnerabilidade econômica, da alimentação, da idade." 

Nesta terça-feira, o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, havia defendido em entrevista o fechamento das escolas. Depois, em nota, disse se tratar de uma opinião pessoal, ainda não discutida no governo. Nesta quarta-feira, como adiantou o Estadão, o governo deve anunciar que o Estado irá regredir para a fase vermelha, com fechamento de comércio, bares e restaurantes. 

Secretário estadual da Educação de São Paulo, Rossieli Soares Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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A escola estadual vai continuar aberta para quais alunos?

Não fechamos a estimativa ainda de quantos seriam, isso é bem difícil. É a família que vai decidir, se a família quer, a escola vai ter de oferecer. A escola tem de estar à disposição dos que mais precisam. Seja do ponto de vista da dificuldade de aprendizagem, deficiência, vulnerabilidade econômica, da alimentação, da idade. As crianças de educação infantil e em fase de alfabetização também devem ter preferência. 

E filhos de pais que trabalham fora?

Sim, deve ser uma prioridade. Servidores da saúde, enfermeiras, por exemplo, que estão fazendo um sacrifício muito grande, precisam de suporte e ajuda para seus filhos. É importante que se priorize a situação dos trabalhadores essenciais na escola pública, estadual, municipal ou privada.

Como fica a situação das escolas particulares?

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A regra do decreto de 17 de dezembro permanece a mesma, de 35% de presença. Mas a escola tem de seguir com absoluto rigor os protocolos e observar os alunos que mais precisam, como alunos bolsistas, com dificuldades de aprendizagem por várias razões e filhos de trabalhadores essenciais. 

Como está o alinhamento com a Prefeitura da capital para manter as escolas abertas?

Temos diálogo constante com o secretário municipal da educação, Fernando Padula, para que essas medidas sejam trabalhadas em conjunto. Respeitamos a autonomia dos municípios, mas é importante que se avance num trabalho conjunto. 

As escolas podem vir a fechar em algum momento nas próximas semanas?

Vamos estar sempre avaliando junto com a saúde todos os dados. Se a escola for fechar, que seja a última. A educação é essencial e fundamental para essa geração.

Qual a sua opinião sobre a declaração do secretário de saúde à rádio CBN que foi a favor do fechamento?

O secretário Jean disse que a decisão não estava tomada, tratava-se de uma decisão pessoal ainda a ser discutida pelo governo. Ainda não concluímos as discussões e faremos até esta quarta-feira. 

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Os professores da rede estadual serão obrigados a ir para a escola nessa fase? 

Sempre que convocados e não forem do grupo do risco, sim. A escola, à medida que terá o mapa de quem vai atender, convocará os professores. 

Alguns professores têm reclamado muito que faltam materiais de proteção. 

Compramos materiais de proteção para todas as escolas estaduais, face shields para todos os professores e funcionários, álcool gel em abundância, material de higiene, sabonete líquido, tudo providenciado e constantemente sendo reposto. Além disso, estamos sempre enviando recursos para as escolas para reforma e materiais complementares, a escola poderia comprar mais equipamentos que entendia ser importante para prevenção. Fizemos um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão.

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