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92,6% dos professores da rede estadual de SP votaram pelo bônus

Categoria poderia escolher entre bonificação e aumento de 2,5%

Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Enquete feita pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) apontou que 92,6% dos professores da rede estadual de São Paulo preferem receber o bônus por desempenho. O governo propôs à categoria que escolhesse entre a bonificação e o reajuste de 2,5%, que valeria para toda a categoria.

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Segundo a Secretaria da Educação, 44,4 mil pessoas responderam à enquete. A categoria tem cerca de 400 mil servidores, ativos e aposentados.

Culpando a crise financeira e dizendo atender a um pedido dos sindicatos, o governo havia anunciado nesta semana que suspenderia a bonificação para revertê-la em reajuste a todos os servidores, incluindo os 100 mil aposentados. Os professores estão há 18 meses sem aumento, mesmo após ter feito a maior greve da categoria, com 90 dias de paralisação.

Após os professores manifestarem insatisfação, o governo abriu a enquete para que eles pudessem opinar sobre as duas opções. Nesta quinta, professores de Campinas fizeram uma manifestação no centro da cidade contra o corte do bônus e reivindicando reajuste salarial. Um dia antes, professores de nove escolas de Ribeirão Preto paralisaram as atividades em protesto.

De acordo com a secretaria, o resultado da enquete ainda será avaliado pela área técnica. A pasta, no entanto, não informou um prazo para que seja definido qual será o pagamento. A pesquisa com os servidores foi feita entre a terça-feira passada e esta quinta. “O modelo escolhido permitiu a participação, sem intermédio dos sindicatos, dos servidores da capital, região metropolitana e interior paulista”, informou em nota a pasta.

No ano passado, mesmo após a maior greve da história da categoria - com 90 dias de paralisação -, o governo do Estado não deu nenhum reajuste aos professores Foto: EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO

Pago anualmente em março, o bônus seria suspenso neste ano pela primeira vez desde que foi criado, em 2008. O governo diz que usar os R$ 500 milhões da bonificação era a única alternativa para que a categoria tenha reajuste ainda neste ano.  Questionamentos. Desde o início contrários à enquete, os sindicatos questionaram o resultado da pesquisa feita pelo governo e disseram que vão continuar reivindicando o reajuste salarial para este ano. 

“Que seja feita a vontade de vossa majestade, porque essa não é a vontade da categoria. Fizeram uma enquete duvidosa. A secretaria não tem competência nem ferramenta para fazer uma pesquisa dessas em tão pouco tempo”, disse Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp, principal sindicato dos professores. 

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Para o presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP), José Maria Cancelliero, faltou transparência na condução da enquete. “Eles disseram que iam jogar a decisão para os professores, mas a verdade é que voltaram atrás na suspensão do bônus. Eles viram que seriam contestados até judicialmente por não pagar a bonificação que tantos professores se esforçaram para receber.”

Os sindicatos disseram que vão se unir em manifestações para uma campanha salarial. “Depois de tanto tempo sem reajuste, a categoria não vai se contentar com migalhas e vai protestar”, disse Maria Izabel.

A secretaria não comentou as críticas feitas pelos representantes dos sindicatos. O bônus só é pago para as escolas que atingem ou superam a meta estabelecida pelo Índice de Desenvolvimento da Educação de São Paulo (Idesp), que leva em consideração o desempenho dos alunos, taxas de aprovação, reprovação e abandono escolar.

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