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86% das escolas particulares de SP não tiveram alunos infectados, aponta levantamento

Pesquisa com 591 unidades foi feita por associação de colégios particulares e o sindicato que representa as instituições

Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo e Julia Marques
Atualização:

Um levantamento com 591 escolas particulares que reabriram no Estado de São Paulo apontou que 86% não identificaram nenhum caso de covid-19 entre os alunos. Já entre os professores, o porcentual de colégios que não relataram infecções foi de 73%. A pesquisa, realizada pela Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar) com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado (Sieeesp), inclui colégios como o Santa Cruz, Bandeirantes e unidades da rede COC, espalhadas pelo Estado.

As escolas do Estado de São Paulo foram fechadas em março para conter a disseminação do coronavírus. Em setembro, o governo estadual autorizou a primeira reabertura parcial, que ocorreu apenas em alguns municípios do interior. Na capital paulista, a retomada começou a partir de outubro, mas este mês, diante do aumento de internações na cidade, o prefeito Bruno Covas (PSDB) recuou sobre a possibilidade de dar aval para aulas em outras etapas de ensino. Por enquanto, só estão permitidas aulas regulares no ensino médio. 

Colégio Stance Dual, em São Paulo, retoma atividades com proteções de acrílico nas classes.Escolas de todo o Estado puderam recomeçar parte das aulas hoje. Foto: Tiago Queiroz/Estadão 

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Entre as escolas avaliadas, a maior parte (44%) respondeu que não foi autorizada pelo município a reabrir e 33% retomaram as atividades em outubro, mês em que Covas autorizou a reabertura das escolas para atividades extracurriculares. Nos colégios que abriram, a maioria (62%) autorizou a ida de estudantes cinco vezes por semana.

Apesar da frequência diária, só 7% relatam a identificação de um caso de contaminação pelo coronavírus. Outros 7% relataram dois ou mais alunos infectados. Os porcentuais mudam quando se referem aos professores e funcionários. Nesse caso, 16% das escolas notificaram pelo menos um caso e 11% identificaram duas ou mais infecções.

Os colégios avaliam que conseguiram conter a contaminação, mesmo onde houve registro de infecção. Segundo a pesquisa, 99% indicaram que não houve contaminação para outra pessoa da classe e 45% informaram que ocorreram infecções na casa do aluno ou do funcionário contaminado.

Quatro em cada dez colégios que detectaram casos entre os estudantes suspenderam o aluno infectado por 14 dias; 39% disseram que suspenderam toda a classe e a minoria (16%) disse que suspendeu todas as atividades presenciais. Escolas que contrataram consultoria de especialistas foram orientadas a adotar o esquema de "bolhas" de estudantes e evitar contatos entre um grupo de alunos e outro para facilitar o rastreamento de contatos em caso de infecção. 

"É importante notar que além de serem poucos os casos eles ficaram controlados, não se espalharam pelas escolas", diz o presidente da Abepar, Arthur Fonseca Filho. A entidade tem 24 escolas de elite, que incluem Bandeirantes, Santa Cruz, Pentágono e Oswald de Andrade.

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A Secretaria Estadual da Educação recebeu a pesquisa e estuda como ela pode ser considerada na abertura. O secretário estadual da Educação Rossieli Soares teve uma reunião com os representantes das escolas. Na semana passsada, ele afirmou que é preciso avaliar com cautela casos de contaminação nos colégios para evitar atribuir "culpa que não é da escola". Segundo ele, há relatos de festas entre os estudantes, fora do ambiente escolar, que contribuem com a contaminação.

Na semana passada, o Estadão ouviu 14 escolas particulares da capital e a maioria delas teve no máximo dois casos de covid entre os alunos ou entre os professores desde que foram abertas, há pouco mais de um mês. Cidades como Campinas e as do ABC paulista não autorizaram nenhum tipo de abertura este ano.

"Sabemos que não é possível voltar integralmente, com todos os alunos, mas é um absurdo o que estão fazendo com as nossas crianças ao não permitir que as escolas sejam abertas", diz o presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro da Silva. Segundo ele, as instituições, para atuar com segurança, poderiam receber no máximo 50% dos estudantes. Hoje, na capital, apenas 20% dos alunos podem frequentar a escola por dia.

Entre as escolas ouvidas pela pesquisa do sindicato, 43% indicaram que pretendem atuar com aulas presenciais no ano de 2021 e 32% apontaram a preferência pelo ensino híbrido. 

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