72 escolas particulares devem parar nesta terça-feira

Professores fazem segundo dia de mobilização contra mudanças na convenção coletiva, com redução de benefícios; impasse continua

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Por Isabela Palhares
Atualização:
SP. Número de colégios afetados é o dobro em relação à paralisação da semana passada Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O segundo dia de paralisação dos professores da rede particular de ensino deve afetar nesta terça-feira, 29, as aulas de ao menos 72 escolas em São Paulo, segundo levantamento do sindicato da categoria, o Sinpro. Os docentes estão mobilizados para impedir a redução do recesso escolar e do número de bolsas de estudos por filhos, entre outros pontos. 

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O número de escolas que devem ser afetadas nesta terça é o dobro da quarta-feira, quando houve a primeira paralisação. Segundo Luiz Barbargli, presidente do Sinpro, o apoio de pais e alunos às reivindicações deu força para que mais professores se mobilizassem nas unidades. “Quem estava mais preocupado saiu para o enfrentamento ao ver que tem apoio. Os pais não concordam com a retirada desses direitos até porque os custos deles já estão incluídos na mensalidade”, diz. 

A categoria decidiu parar após mais de dois meses de impasse para aprovar a convenção coletiva. O sindicato patronal, Sieeesp, propôs as alterações dos benefícios alegando dificuldades financeira, especialmente em escolas menores. A entidade também ressalta que concedeu um reajuste salarial de 3%, que estaria acima da inflação, para compensar as mudanças. 

A arquiteta Fernanda Morais, de 39 anos, apoia o segundo dia de paralisação dos professores do Colégio Santa Cruz, em Pinheiros, onde estuda sua filha Valentina, de 15 anos. Na quarta-feira, a escola parou totalmente as atividades, mas nesta terça elas só estão suspensas no período da tarde. “A greve sempre afeta negativamente alguém, mas é a forma que eles têm para lutar pelos seus direitos. É a forma que surte efeito, reduzir esses direitos é um retrocesso.”

No domingo, um grupo de 200 pais e mães de alunos de 24 escolas da capital publicou uma carta aberta onde manifestam apoio à reivindicação e à paralisação dos professores. “O ponto que nos une é o apoio à educação de qualidade e o respeito pelo professorado. Esse respeito passa pela manutenção dos direitos já firmados em acordo coletivo há anos. Como pais e mães, estudamos o assunto e concluímos que não há motivos claros ou justificáveis para que o acordo (convenção coletiva) seja interrompido bruscamente”, diz a carta. 

Alterações. O sindicato patronal propôs a redução da bolsa de estudos de dois para um filho de professor e limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos 10 horas; redução do recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias e aumento do tempo de contratação de 22 para 60 meses para o direito à semestralidade (pagamento dos salários restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre letivo). 

Sem um acordo, o entrave foi levado ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), que deve julgar o dissídio da categoria. O Sieesp apresentou uma nova proposta com a redução do recesso para 23 dias, restrição das bolas somente nas unidades com até 200 alunos e a extensão do prazo da garantia de semestralidade para 36 meses. A proposta não foi aceita pela categoria. 

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Nesta terça-feira, os professores realizam uma série de aulas públicas pela manhã. Colégios como Equipe, Viver, Santi, Arraial das Cores e Vera Cruz convidaram os pais e os alunos para a atividade. À tarde, eles fazem uma assembleia para definir as próximas ações. 

ENTENDA O CASO Reivindicação Professores querem a renovação da convenção coletiva que garante, entre outros direitos, 30 dias de recesso escolar no fim do ano, bolsa de estudos para dois filhos e o pagamento da semestralidade em caso de demissão sem justa causa.

Proposta O sindicato patronal diz que a convenção anterior é antiga e está inadequada à situação atual das escolas, especialmente EM unidades menores e com mensalidades mais baratas.

Impasse A questão está em debate desde março, quando a convenção venceu. Com as negociações travadas, o caso foi levado ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que realizou duas audiências de conciliação, sem acordo. 

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