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Semana Literária Escola Estadual Jornalista Ruy Mesquita reúne atividades para incentivar leitura

Além de dança, teatro e confecção de poesias, primeira edição do evento realizado em escola pública da zona norte de SP promoveu doação de livros para alunos do 6º ao 9º ano

Foto do author Renata Okumura
Por Renata Okumura
Atualização:

SÃO PAULO - Incentivar a leitura, estimular o gosto pela escrita e, consequentemente, ajudar alunos a desenvolver a interpretação de textos. Este é desafio da Escola Estadual Jornalista Ruy Mesquita, localizada na Brasilândia, bairro da periferia da zona norte de São Paulo.

Para motivar os estudantes, professores e coordenadores decidiram organizar a 1ª Semana Literária. Foto: FELIPE RAU/ ESTADÃO

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Para motivar os estudantes, professores e coordenadores decidiram organizar a 1ª Semana Literária. O objetivo da ação, que ocorreu entre segunda-feira, 23, e terminou nesta sexta-feira, 27, foi proporcionar um momento diferente aos alunos do 6º ao 9º ano. Para muitos jovens, foi o primeiro contato com diversas atividades culturais em um mesmo ambiente.

Nos corredores, era nítida a animação dos adolescentes que iam participar das peças teatrais. Caracterizados, eles ainda ensaiavam, nos últimos instantes, as falas que iam encenar. O evento também teve música. Muitos estudantes mostraram habilidades no canto e no violão. 

A estudante Sara Souza da Silva, de 14 anos, está no 9º ano, participou de uma peça e estava animada com a semana literária. "Já tivemos atividades, mas essa semana foi muito diferente. Os professores trabalharam bastante com a gente. Fizemos a peça, tivemos atividades para aprendermos a nos colocarmos no lugar do próximo."

Muitos mostraram habilidades no canto e no violão. Peça teatral também fez parte do evento. Foto: FELIPE RAU/ ESTADÃO

A aluna Nikelli Hannah Celestina Alves, de 14 anos, do 9º ano, também estava animada com as atividades. "Foi muito diferente, uma forma fácil e interessante de aprender. Seria bom ter mais."

Um dos espetáculos que atraiu a atenção dos alunos foi o monólogo sobre a vida de Carolina Maria de Jesus, catadora de papel e moradora da favela do Canindé, no centro da capital paulista. Na década de 60, ela lançou “Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada”. Ela foi interpretada pelo professor de Geografia e História, Maicon Dias de Jesus, de 26 anos. "A leitura do livro de Carolina traz uma identidade, porque aqui é uma escola da periferia. Carolina nos representa. Em vida, ela publicou três livros em folhas de caderno que encontrou no lixo. Trazer Carolina é mostrar que há expectativa. Também somos capazes", disse Jesus.

Dentro das salas de aula, a confecção de poesias estava presente em recortes colados nas paredes, iniciativa que mobilizou principalmente alunos do 6º ano. Até um livro de fábulas foi escrito sob a supervisão da professora Claudete Rodrigues dos Santos Silva, de 41 anos. Um deles abordou a história de um gato que tirou sarro de um cachorro que era deficiente. Arrependido, depois se desculpou. "Essa é uma forma também de conscientizar e combater o bullying dentro da escola. Quando percebemos algo, já chamamos os alunos e conversamos", disse Claudete.

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Ela se surpreendeu com a participação dos estudantes. "É a primeira vez que estamos fazendo a semana literária. Muitos alunos abraçaram a iniciativa. Só com educação podemos transformar o mundo", avaliou a professora.

A doação de livros também fez parte do evento. Curiosos, os estudantes folheavam publicações dispostas em prateleiras em um dos corredores da escola. Entre elas, obras de Machado de Assis, Agatha Christie e Pablo Neruda. O Estado participou da ação com publicações doadas por funcionários da empresa. A entrega ocorreu nesta sexta-feira.

A diretora da escola, Aparecida de Cássia Rodrigues da Silva, de 49 anos, ressalta que ainda são muitos os desafios. Muitos alunos ainda têm pouco contato com livros. "É preciso trabalhar com competências que eles ainda não aprenderam. Queremos ampliar o interesse pela leitura, para que eles comecem a escrever mais. Muitos também têm dificuldade para interpretar textos. Temos muitos professores engajados e espero que o projeto ocorra anualmente", disse a diretora. 

A Escola Estadual Jornalista Ruy Mesquita tem 905 alunos matriculados, do 6º ao 9º ano, na faixa etária de 11 aos 14 anos. Animados com a participação dos estudantes, os professores já pensam em ampliar a iniciativa. Cogitam o desenvolvimento de ações na Semana da Consciência Negra, no mês de novembro.

Relembre: Criada em 2012, a escola estadual do Jardim Carombé, na zona norte de São Paulo, passou a se chamar Escola Estadual Jornalista Ruy Mesquita, uma homenagem ao diretor do Estado, que morreu em 2013. O decreto foi assinado, na época, pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo secretário da Educação, José Renato Nalini.

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