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Você merece seu salário?

A maior parte dos estudantes de pós-graduação são bolsistas de agências de financiamento como a Fapesp, Faperj, CNPq e Capes, entre outras.

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Por Redação
Atualização:

Assim como empresas não podem ter infinitos funcionários, essas agências não podem ter infinitos bolsistas. E a seleção tem de ser feita por alguém que entenda de ciência, de como ela evolui e do que é importante para as diferentes áreas de estudo.

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Os cientistas se orgulham de uma coisa importante: você sempre será julgado pelos seus pares. E isso, por toda sua vida científica. Sempre serão outros cientistas que decidirão se você merece uma bolsa, dinheiro para um projeto ou se merece ser contratado.

Na maioria das vezes você nem saberá quem estará te julgando. Mandará a documentação necessária e alguém te dará uma nota ou te aprovará (ou não).  Em casos específicos, como os concursos, funciona de maneira diferente. Você estará na frente dos juízes e lado a lado com seus concorrentes.

Em alguns casos você receberá uma nota e será isso que decidirá (ex: bolsa de iniciação científica), em outras você será julgado por comparação (ex: bolsas de mestrado da Fapesp). E depois que você conseguir a bolsa ou o dinheiro para o projeto, você ganhará um chefe (sim, além do seu orientador).

Durante a vigência da bolsa ou do projeto, deverá mandar relatórios para mostrar o trabalho que fez e seu assessor julgará se você trabalhou o suficiente para merecer o que te pagam mensalmente. Ele te acompanhará desde o projeto até o relatório final, e se você der sorte será alguém que te dá sugestões, ajuda com idéias e a redigir uma boa dissertação. Se der azar, pode ser alguém extremamente exigente que te obrigará a trabalhar durante horas a fio para que ele fique satisfeito e diga que você merece a bolsa.

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E, por último, a única espécie de assessor que não gosto: o indiferente. Esse te aprovará ou te reprovará sem ao menos se justificar, te deixando num nimbo completo. Ao fazer isso, ele vai de encontro ao principal ponto da ciência: ser colaborativo. Afinal, ele e você são igualmente cientistas e não existem motivos para não nos ajudarmos.

Bruno Queliconi é doutorando no Instituto de Química da USP

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