Nas últimas semanas tentei, sem sucesso, reproduzir um experimento, mas só obtive respostas absurdas, o que é frustrante depois de tanto trabalho. Poderia colocar a culpa na empresa que fez o equipamento ou na pessoa que descreveu a técnica com poucos detalhes, mas vamos olhar para o verdadeiro culpado: a modernidade!
Os trabalhos publicados no século passado (até a década de 70) apresentavam uma descrição minuciosa do que deveria ser feito. Hoje, as revistas científicas limitam o espaço para essa descrição ao mínimo possível e exigem que os autores sejam breves na descrição da metodologia.
Isso impede que se repita o experimento com exatidão. Assim, algo que levaria dias pode levar semanas para funcionar da maneira correta. É uma das situações mais chatas que ocorrem no dia a dia de um laboratório. Mas depois dos meses para tudo funcionar, podemos nos deliciar com os resultados que obtivemos com a técnica que suamos para dominar, e acho que esse prazer é uma das maiores endorfinas que temos na pós-graduação!
Bruno Queliconi é doutorando no Instituto de Química da USP