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Por Estadão
Atualização:

À essa época, no ano passado, eu vivia os momentos de tensão e expectativa que mercavam os dias que antecediam o vestibular da Fuvest. Pesadelos com a Mata Atlântica, insônia, revisão intensiva e a tentativa de preparar os outros para o pior, com frases do tipo "se não der, ano que vem eu tento de novo" fizeram parte desse momento que parecia que ficava mais angustiante, quanto maior era o meu desejo de entrar na USP.

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Agora, exatamente um ano depois dessa odisseia desvairada, eu não vejo a hora de sair da USP... (de férias, é claro). Se na semana da Fuvest eu vivia uma odisseia, agora estou dentro de um poema épico maior ainda. Tenho que conseguir a proeza, em menos de duas semanas, de apresentar três seminários, elaborar dois artigos (um deles, interativo), fazer provas, criar um programa de TV, uma matéria de economia com entrevistas e trabalhar na rediagramação e no design de uma matéria com 10 páginas de uma revista - só faltaria também fazer a flecha atravessar todos os buracos.

Diferentemente do novembro passado, eu poderia dizer que o atual cansaço, em razão de todas essas tarefas, é bastante gratificante (se é que poderia existir algum "cansaço gratificante"), pois é possível, atrás de todo o trabalho, ver a sua própria marca no resultado final. Na Fuvest, a maioria das questões era meramente a devolução daquilo que se tinha aprendido ao longo do colegial, a partir de agora, além da devolução é necessário imprimir muito daquilo que repercutiu em si mesmo no próprio trabalho, por isso, o caráter gratificante.

Enfim, encontrei esse espaço para escrever esse texto no meio de uma pesquisa sobre os mineiros do Chile e a retirada das tropas do Afeganistão, porque julguei que tal contagem repressiva (isso mesmo, eu escrevi contagem "repressiva") está presente não só na minha vida, mas também na dos vestibulandos, das donas de casa, dos jornalistas do Estadão, dos economistas, dos pedreiros, dos executivos, dos lixeiros e da família. Tomara que o cansaço de todos possa ser gratificante, afinal a vida é uma odisseia.

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